Que prazer que me deu esta pescaria, aliás, que prazer que nos deu aos dois...
Este é um relato feliz, um relato que vem ao encontro de momentos em que o acreditar de um pescador, aliado ao seu conhecimento, acaba por dar frutos! E que bons frutos.
Na 4º feira o Palmeta ligou-me para eu me preparar para ir Domingo, fazendo uma jornada que seria mais dedicada às douradas, mas também ao Trolling... Os dias passaram, e no Sábado com poucos caranguejos, lá fui eu apanhar uns quantos para se fazer uns lançamentos... Mas os planos até já seriam outros, mais corricar( Trollar ), e menos pescar às Lady´s... É no que dá um gajo habituar-se aos plásticos!!! Parece que pouco te consegue deixar igual...
Bem, mas lá mantemos aquele bichinho que nos faz por vezes mudar de pesca, mas este dia maravilhoso de pesca e de peixe, não nos deixou ficar mal e felizmente tudo correu ao contrário do que planeámos...
4.30 da manhã, toca-me o despertador... Ronha, ronha... Será loucura? O que será que me corre nas veias para me levantar a esta hora?... Vesti-me à pressa, fui ao frigorífico buscar os meus caranguejinhos, agarrei na mala das amostras e toca de rumar ao mar...
Como sempre o nosso café da ordem, batia o relógio nas 5 e pouco da manhã...
Já no Seixal, a linda Baía que temos amanhecia que uma força luminosa que me deixava esperançado no dia que estava a brotar...
Ainda a seco, montámos as canas do Trolling para ser mais fácil chegar e pesca, aproveitando o início do dia. Pela primeira vez escolhi uma amostra da Storm muitaaaaa feia, meu deus, que aspecto... Mas como era fluorescente, resolvi tentar... Sem qualquer efeito prático. Zero, zerinho.
O dia, esse já com o sol lá ao longe por detrás de um prédio, fez-nos alterar as amostras e tentar com as do costume nestas andanças... As Storm, yo-zuri e x-rap. Mas nem nós, nem ninguém que lá andava tirou um único peixe e resolvemos parar... O relógio marcava umas 9.30. Era hora do nosso cafézinho, e demos um salto ao bar da Ponta do Mato, que tinha uns folhados quentinhos que fizeram companhia ao café nesta manhã gradeira que estávamos a ter...
Mas a pesca não é como começa... É como acaba... E se outros teriam ao final de umas horas desistido e ido para casa, nós fomos tentar o Plano B. É imprescindível ter um Plano B bem falado e estudado. É por não o ter que o meu Benfica nunca ganha nada... Bem, passemos à frente, não falemos em desgraças... Até porque o Palmeta é tripeiro e tenho que o aturar faz anos... lol.
Rumámos de seguida a um tal pesqueiro que o Palma tinha marcado e que supostamente era de bons peixes. 5 minutos, 10 minutos, 30 minutos e nem um toque, nem UM TOQUE! Ao fundo? Mas como é possível? Os alcorrazes do Tejo morreram todos??? Dei por mim a lançar vinis e amostras de barco parado... Tal era o tédio... Os dois a olhar um para o outro... E só nos ocorria... Vamos voltar para o Trolling??? Esta pesca assim é uma seca, isto não é para nós...
O que fazemos??? Esta interrogação estava clara em ambos. Falámos e decidimos ir tentar um pesqueiro que já nos deu bom peixe, mas que não tem sido a nossa escolha nos últimos tempos.
Ao chegar a preocupação foi fazer bem a parte que nos toca e onde podemos ganhar ou perder uma boa pescaria. Escolher bem o sitio, fundear de forma inteligente percebendo para que lado queremos pescar e qual a melhor forma de poder pescar de linhas esticadas...
Após isto, a escolha do material, do que usar, perceber a gramagem certa para aquele dia, com a corrente que estava... Posso dizer que percebemos ao final de dois ou três lançamentos que 40 gramas seria o ideal para este dia. Chumbadinha de correr, iscadas generosas de caranguejo e lançamento o mais afastado possível do barco, coisa que com esta gramagem não era fácil.
Os primeiros lançamentos foram mais do mesmo... Nada de toques, mas aqui com uma diferença... Numa das canas o caranguejo rijo tinha desaparecido... E o Palma diz-me que saltou provavelmente, ao que lhe digo não ser possível, pois tinha atado o caranguejo nas patas... E como costumo explicar aos menos entendidos, em pesqueiros destes, se não bate a miudeza, é um excelente sinal, e com o desaparecimentos de iscos, mais ainda... Sinal que " elas" andem aí...
E fiquei muito atento às canas, que rapidamente deram os primeiros sinais já passava das onze da manhã... Tique, tique, pareciam alcorrazes pequenos... E os iscos, todos ratados... Mas sem aquele frenezim próprio do peixe miúdo que normalmente ataca logo os iscos ao cair da chumbada... Não era peixe miúdo e ambos parecíamos estar num filme, loucos por acção, porque estávamos com aquele sensação estranha de que havia algo por detrás daqueles pequenos toques...
Mas em pé e atentos parecia que adivinhavam e nada bateu, e o Palma sentou-se e pôs-se a tratar de umas cenas do material, enquanto eu estava atento às canas... E na cana da direita, vejo uns toques, seguidos de outros maiores, e quando o resolvo chamar ela dá um grande esticão e só gritei " dá-lhe, dá-lhe, é só dar esticão" e lá estava o peixe ferrado, que nadou direito a nós e só perto deu um ar de sua graça... Um lindo sargo, que nos animou e nos fez logo lembrar pescarias passadas... Foi uma alegria tãooooooooooooooo grande. O primeiro peixe a sério do dia perto do meio dia, e logo num estilo de pesca que andamos distantes...
Finalmente brotou um sorriso de dentro de nós, daqueles... E o sol precipitou a grande pescaria que de repente fizemos, sem esperar e quando já nos apetecia levantar ferro e ir trollar.
Iscamos bem, e resolvemos tentar lançar o mais afastado do barco possível, sempre com iscadas generosas de caranguejo de dois cascos e moles... Passados poucos segundos, a cana da esquerda,,, Tum tum, tum tum tummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm... Cana a prumo, dourada ferrada, sempre com grandes investidas a tentar soltar-se e logo uma dourada de bom porte... Belo peixe...
Após esse momento tudo mudou... Arrancadas atrás de arrancadas, toques atrás de toques, os dois de peixe ferrado, a loucura total. Sargos e douradas quileiros, a saírem de seguida... E em uma hora fizemos uma grande pesca com bons exemplares e muita diversão.
Ainda tive uma arrancada fenomenal que após uns 5 minutos de luta me partiu o estralho, e para terminar o Palmeta tem um arranque que para terem noção a cana que estava fora do copo, saltou literalmente e se eu não grito e ele não calha a ter bons reflexos lá ia a Biomaster dele... Uma arrancada muito forte assim que ele agarra na cana ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ, e estava feito, com calma ele trabalhou-o bem, e já perto do barco vimos que era uma excelente captura, uma dourada, a maior do dia, um bom troféu, peixe acima dos dois quilos, e que nos fez sorrir muito a olhar um para o outro...
Infelizmente levantou vento e... Sim... a pesca terminou... Ainda insistimos mais meia hora mas a rataria tomou conta do pedaço e já cerca das 6 horas, levantámos ferro e rumámos a terra...
Para terminar mais um cafézinho no sítio do costume e casa... Para a semana há mais...
Até breve, assim o esperamos,
Abraço a todos.
Material:
Canas: Shimano Biomaster Spin e Shimano Beastmaster Kabura ( Trolling); Shimano Speedmaster e Makro Tempest ( chumbadinha)
Carretos: Shimano Biomaster HG 4000; Tica Taurus 6000; Banax Mighty 2000; Shimano Ultegra 5500 XSB
Linhas: SUFIX 832; Power PRO 8 Slick; Seaguar FXR; Seaguar Surfcast; Asso Ultra; Yo-zuri Mirage
Iscos: Caranguejo de cascos, mole e rijo.
Amostras: Storm; Rapala; Yo-zuri; Tubertini; Cormoura.
Filipepc e Ricardo Palma, ospescas