Boas Pessoal…
Sei que não tenho publicado nenhum relato de pesca
das águas Angolanas. Mas a pesca não tem estado nada fácil…hahaha..algo que não
estou habituado, mas faz parte da pesca, onde a natureza é que manda e não o
pescador..:-)
Claro que se eu quisesse peixe mais pequeno era
fácil, bastava mudar de pesca, mas assim que começa o cacimbo em Angola, só
existe um pensamento…Pungos, Corvinas e os Pargos Lucianos..:-)..onde o
Trolling se torna a pesca mais rentável durante o Inverno.
Mas é como tudo, às vezes por mais que tentemos, o
peixe simplesmente não aparece..…não que façamos algo de errado, mas
simplesmente as condições tais como, a temperatura da água, as bolas enorme de
sardinha característica desta altura do ano demoram até aparecer, o que faz com
que o peixe não encoste, como é normal nesta época.
Este relato de pesca tem um sabor muito especial,
sendo a razão para tal, o meu sogro.:-) que veio passar uns dias mais a minha
sogra. E como eu sei que ele adora pescar, nada como dar tudo por tudo, para
que ele levasse com ele grandes momentos de pesca a estes grandes predadores.
Sei que muita gente se queixa dos seus
sogros..hahaha..mas eu não sou um deles, pois tenho a sorte de ter uns sogros
fabulosos, são pessoas fantásticas que quando chega o dia para os levar ao
aeroporto, custa-me imenso de os ver partir e choro de saudades…e eu que não
sou de chorar, mas a verdade é essa.
Sei que desta vez não consegui cumprir o sonho do
meu sogro, que é tirar um pungo dos grandes, esteve perto, mas o pungo a meio
metro do barco conseguiu ganhar a batalha. Mas isso fica lá mais para a frente
do relato :-)
Posso dizer que durante estes dias em que cá
tiveram, o meu sogro foi incansável. Sendo ele o mestre e eu o aprendiz. Ele
conseguiu fazer a manutenção e reparação de todo o barco. Seja a parte
eléctrica, cabos de motor, luzes, som, estofos novos…enfim..o barco parece
novo. Para ele o meu maior agradecimento do fundo do meu coração, não só pelo
que fez, mas pelo ser humano que é.
Restando a mim, fazer a minha parte, conseguir fazer
com que ele apanhasse o seu Pungo..:-)
Durante este tempo todo, até ele chegar, a pesca
tinha estado calma, mesmo com 3 barcos à procura deles, passando dias a fio, a
tentar localizá-los, mas sempre sem sucesso, levando muitas das vezes ao
desespero…hahaha. Principalmente para quem me conhece, sabe que eu estou sempre
a pensar no que fazer e em todas as variantes possíveis e imagináveis para
conseguir encontrar o que eu procuro. Pois acredito que a maior taxa de sucesso
de um pescador, provém da nossa capacidade de pensar, alterar e adaptarmo-nos
às situações, e não andar à toa à espera que eles nos encontrem por graça e
espirito santo.
Pois bem, depois de 3 dias arranjar o barco, estava
na altura de procurar o tal troféu..:-) Ainda por cima, a lua cheia que eu
detesto, por diversas razões, já tinha ficado para trás.
Não tinha sido à toa que eu tinha escolhido os dias
certos para arranjarmos o barco, o que se veio a verificar, pois quem lá andou
nesses dias veio a zero.
Com o material a postos, fizemo-nos ao mar…
No 1º dia de pesca, disse logo ao meu sogro, Sr.
Zé..coloque já o cinto de combate e a única coisa que tem que fazer é agarrar
na cana que tiver o peixe e combater que eu trato do resto. Assim foi, depois
de ficarmos até à noite ao Trolling, por causa da maré, acabámos por ferrar
duas Corvinas pequenas com cerca de 6 quilos cada, que pouca ou nenhuma luta
dão e como sabem o que são corvinas, nem foto tiveram. Mas que já serve para
animar, nem que seja para ver escama..hahaha. Isto sem querer menosprezar um
peixe de 6 quilos ok.
No 2º dia, voltamos a tirar outra corvina pequena e
os pungos continuavam a não dar sinal, mas podia ser que de um momento para o
outro eles encostassem para comer e nessa altura os ferrássemos..:-) O que não
aconteceu, mas por outro lado, outro grande predador deu sinal, pois com a
amostra da cor certa, a zona certa e as horas certas, se lá andarem, não
falha..:-) E este não falhou…com um vergar da cana de jigging e o carreto a
cantar directo, não era pedra, mas sim Pargo Luciano…hehehe..Com o nervosismo
normal da pesca, principalmente de quem está quase a dormir, de repente ouvir
um carreto a soltar linha desenfreada, quase que dá um ataque
cardíaco..hahaha.o sobressalto é grande..hahaha.
Para dizer a verdade, como já tinha dito antes, esta
pesca é uma seca…mesmo. Eu até digo que quem pesca é o barco…hahaha..claro que
não é bem assim, mas eu sinto dessa forma, digamos que se eu não tiver a cana
na mão e em controle da situação a pescar, não sinto que esteja a pescar. Neste
caso quem tem as canas na mão é o barco..:-)
Pois bem, assim que eu salto do meu sono e olho para
a cana, vi logo que era pargo..não tem como não ser….nisto eu tiro a cana do
caneiro, aperto a embraiagem e passo a cana ao meu sogro que estava à frente da
consola, já pronto para uma das batalhas mais interessantes, sim, porque apesar
de ser um bom peixe, não era um daqueles grandes e brutos que o ia fazer suar a
sério para tirar. Mas já era um bom peixe.
Claro que podem estar a pensar porque é que apertei
o drag do carreto e não estava previamente afinado. Mas a razão é esta. O
Embate inicial é muito bruto como devem calcular, seja Pungo ou Pargo. Mas a
diferença tem a ver que enquanto o Pungo corre, o Pargo procura o primeiro
buraco que encontrar para entocar, e depois de entocado…boa sorte, nem com um
guingaste..hahaha. dai o carreto estar afinado para qualquer peixe bater e
correr, sendo que se for pargo, a primeira coisa que se deve fazer é apertar com
ele, para que vire a cabeça e saia da sua zona de conforto, sempre sem parar o
barco, Claro que para isso é preciso conhecer o peixe e saber como bate e
corre. Para não fazer asneira e ser Pungo e apertar com ele quando não à necessidade
nenhuma, pois a defesa deles é forçar o material em corrida. A não ser que seja
um para cima de 40 quilos e estejamos a ficar sem linha na bobine. Mas como é
normal desta espécie, seja corvina ou pungo. Depois de correr estacionam no
fundo para recuperar forças, o que nos permite recuperar linha e ficar à espera
da próxima corrida.
Voltando à luta….já deu para animar e tenho a
certeza que o meu sogro adorou, pois estes peixes ao contrário do pungos, têm
mais energia o que permite uma luta desde que ferra até mesmo depois de estar
no porão do barco..hahaha…dai é sempre melhor matá-los antes de os colocar
dentro do barco, pois o ultimo que eu coloquei dentro do barco sem estar morto,
deu uma cabeçada e amolgou a fibra do barco…hahaha..sorte a minha que não
rachou…hahaha..Um belo pargo com 10 quilos
Estava feita a pesca e prontos para o dia seguinte…J
No 3º dia de pesca conseguimos tirar mais 2 corvinas
pequenas sendo que o melhor e o pior aconteceu por volta das 15h00 quando a
esperança já não era muita, acordo do meu sono mais o meu sogro ao som
descontrolado do BG90..hahaha…Ai estava o Pungo do meu sogro….agarrei logo na
cana e passei-lhe a mesma enquanto controlava o barco e as outras 2 canas. Ai
estava o troféu dele…J E eu feliz por ver o meu sogro nervoso
agarrado à cana e a combater…J
O desgraçado do peixe deu a volta e enrolou a linha
da madre com a linha de outra cana, o que dificultou a coisa, mas não invalidou
nada, mas a qualquer momento podia dar raia!!..eu ia sempre aliviando a outra
cana e com tempo o Pungo finalmente começava a subir…mas como é normal, assim
que se chegam perto do barco procuram a sombra do mesmo e voltam arrancar para
o fundo assim que chegam perto da tona de água.
Depois de ter arrancado 2 vezes até ao fundo, estava
mais calmo e vinha para cima sacudindo a cabeça…eu já estava com o bicheiro na
mão à espera dele quando o vemos pela 1º vez..Lindo Pungo e logo dos
grandes…assim que ele chega à tona de água, eu agarro no leader para o ferrar
com o bicheiro e nesse momento sinto que vai arrancar outra vez, ao que
automaticamente largo o leader e ele dispara em direcção ao fundo rebentando
com o leader ao fim de levar uns 20 metros!!...Porra…e lá se foi com um
piercing na boca e com o sonho do meu sogro. O leader de 120 libras à vida e
depois de verificar o mesmo, com bastantes cortes até onde estava a amostra. É
o que dá pescar em Pedra e não areia ou lodo como no nosso Tejo. Paciência, faz
parte do jogo, um dia do peixe e outro será do meu sogro.
No 4º dia e último de pesca, já não se via sardinha
nenhuma…e mesmo nos outros dias era muito pouca, ao contrário do ano passado.
Saímos para o mar devia ser 9h30 da manhã e só por volta das 16h00 é que
tivemos o primeiro toque…cana vergada e
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ…este
é Pargo dizia eu para o meu sogro enquanto tirava a cana, apertava o drag e
dava a cana a ele para combater…hehehe…e no mesmo sitio onde tínhamos tirado o
outro..:-) Depois de cabeçadas para um lado e corridas para o outro lá veio ao
de cimo de água….de seguida ferrei-o com o bicheiro, tirei-lhe a amostra da
boca e matei-o para o colocar no porão…:-) Este era mais pequeno e pesou 8
quilos. Bem…vamos dar a volta e passar por aqui outra vez.
Dei a volta ao barco e assim que passámos
novamente…outra porrada noutra cana, duas cabeçadas e
ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZz continuo!!...ficou preso??...de seguida passei
a cana ao meu sogro e recolhi as outras 2. Bem, pelos vistos estás preso, vou
dar a volta com o barco e tentar puxar pelo outro lado.
Assim foi, dei a volta e quando ficámos do outro
lado o meu sogro começou a puxar e lá cedeu…hehehe…está lá qualquer coisa às
cabeçadas…puxe, dizia eu, e assim que chegou cá acima para nosso espanto, era
um belo de um Mero já jeitoso…hehehehe…vai saber que nem ginjas..:-). Depois
disso ainda demos mais umas voltas mas não tivemos mais nenhum toque.
Tinha chegado ao fim dos dias de pesca com o meu
sogro, e apesar desta vez não ter realizado o seu sonho, tenho a certeza que se
ele voltar cá no fim de Agosto, vai apanhar o seu troféu..:-)
Pelos vistos o peixe começa a querer encostar, ainda
que pouco, mas é sempre melhor do que nenhum..hahaha. E tenho a certeza que o
próximo relato que espero que seja em vídeo, vos consiga mostrar um pouco da
força destes peixes e o prazer que é poder pescar estes bravos entre paisagens
naturais que esta costa angolana tem.
Cá ficamos uma vez mais à espera dos meus sogros,
cujas saudades já são muitas. Espero que ele tenha gostado destes dias de
pesca, pois eu adorei e não vejo a hora de os ter de volta. Para os meus sogros
fica o meu eterno agradecimento e um até já..:-)
Um grande abraço e até breve.....
Luís Malabar