( Surfcasting) O GANG sofre mas resiste!!! Errei, reagi, lutei, sorri!!!

Boas,

Regresso as areias do Gang mais maluco do país...

Cada pesca que passa me deixa mais saudades, e cada uma que faço com esta malta me deixa sempre a espera do dia da seguinte... É impossível, pelo menos eu julgo que sim, quem connosco pesca não sentir falta dos nossos momentos. Pelo menos eu, sinto muita. Espero todas as semanas com ansiedade por novos lançamentos, por mais momentos assim...

Pescaria combinada para o fim de semana, mas desta infelizmente sem o meu com-pincha Guilherme... Mas o grupo era na mesma animador...

Passo a apresentar o cardápio... Eu, João, Soares, Emanuel, Paulo, João Rocha, Filipe João e Santos... E que alegria ver novamente o Filipe João a pescar tantos meses depois... Por não saberem que é, e o que para mim representa, foi muito bom, mesmo, tê-lo de volta as areias.

Vamos então a isto...

Combinámos partir da nossa zona pelas 2 da tarde mais ou menos... Claro que um ou outro atraso natural nos fez sair já depois das 3... Era uma boa hora, e mesmo com mais um engano no caminho, já tradicional entre este GANG, chegámos ao pesqueiro eram cerca das 5 e meia, a tempo de ir dar uma olhadela pela zona e por um ou outro trilho secreto. Como estávamos com dois jipes, isso foi feito de forma rápida e segura.

Depois de assegurar que o caminho era viável e seguro para todos, decidimos ir rumo a praia... Chegado lá, as condições eram brutais, para mim do melhor que se pode pedir num dia de surfcasting. Era dia de peixe... Montei rapidamente as canas, tinha tudo pensado, conferido e preparado. Em 10 minutos tinha as canas na água. Reparei que na areia tinha algum limo. Errei.

Fui tirar a cana passados 5 minutos para testar a coisa. Algum limo, não muito, mas demasiado para se pescar de forma limpa e objectiva. Errei.

Tornei a lançar, desta mais perto pois os fundões eram muito acentuados e tentei sondar mais junto a margem... Esperei uns minutos e fui comer... Quando voltei a tirar a cana, na mesma, algum limo, demasiado para se pescar bem, mas pronto, ainda dava... Errei.

Olhando para o lado, percebi que o João estava a rasca para pescar, com duas canas fora de água e o resto idem aspas... Alguns com canas fora de água, e outros sempre a lançar e recolher... Fiquei a olhar uns segundo, e não reagi. Errei.

Sentei me um pouco e fui relaxar. Aproveitei o pôr do sol, fechei os olhos e fui feliz. Adoro aquela sensação. E só na praia a sinto daquela maneira.

Levantei-me e fui ver das canas, e as linhas estavam caída com o limo a provocar que as linhas fossem à agua e dessa forma ganhassem demasiado limo. Tirei ambas, olhei para o ar e abanei a cabeça. Errei. Não devia ter abanado a cabeça, devia ter dado um passo em frente. Devia ter tido coragem de mandar as tropas recolher. Nem sempre recolher é sinal de fraqueza, por vezes, pode ser sinal de audácia. Errei.

Esperei por melhoras, esperei que o limo se fosse, mas errei. A maré virou, o limo aumentou, pela praia fora era ver canas enleadas, era ver a malta a perder minutos, chicotes e paciência. Pensei em mudar. Pensei em dizer a todos que embora não seja nada agradável estar longe do carro, ter que arrumar tudo e dizer a alguns deles que já não gostam de andar 100 metros quanto mais sair dali e ir para outra praia... Mas... Errei. Devíamos ter saído logo dali...

No meio da confusão, de um mar brutal, águas espumadas, declives acentuados... Grandes fundões, coroas, tudo como eu gosto... O Emanuel entre tanto chicote perdido, saca 3 sargos seguidos, um deles um troféu digno de um pescador. Grande animal, lindo! A prova de que o mar estava com peixe e que tinha todas as condições estava ali, mas...

Logo de seguida, o Emanuel perde tudo, o Santos e o Filipe João também, e de seguida eu perco os meus chicotes...

O limo de repente, se estava mau ficou impossível de se pescar. O João e o Emanuel vieram falar comigo, estava eu novamente a pensar no que fazer... Perguntaram-me se ficávamos ou se mudávamos... Reagi.
Pedi para avisarem todos que era para mudar de praia... Custou me pois sabia que para alguns era penoso, mas pensei que só assim podíamos fazer ainda alguns peixes... 7 grades em 8 pescadores... É mau. E pior do que as grades é estar a noite toda a perder chicotes e a limpar limos. Não faz sentido. Reagi.

Arrumei a minha tralha em 5 minutos, estava a bufar... Disse tanta asneira, possuído por uma espécie de revolta com a situação. Lembrei me muito da noite de Fevereiro com o Guilherme, Santos e João...

E nesse momento algo em mim me disse... Fizes-te bem, tem que ser Filipe, senão ninguém pesca. Acredita. Reage... Despacha-te, agora não há que olhar para trás...

E larguei a minha trouxa e fui ajudar os restantes a arrumar as coisas, o Filipe João e o Santos mais demorados foram os que fui dar uma mão...

Depois foi fazer a caminhada até ao carro... Estoirado, voltar para trás, procurar outra praia... Chegámos lá passava da meia noite e meia... Tirar a tralha e escolher o spot... Ninguém queria andar, começou tudo a parar logo ali, coisa que não gosto... E lá disse ao João Rocha para irmos mais para a direita, só uns metros, e assim fizemos... A caminhada rápida, mas penosa, as pernas já nem respondiam... Imagino a malta...
Custa-me muito ver a malta a desanimar, gosto muito de todos, e quero vê-los a divertirem-se... Fiquei a pensar se todos iriam ser capazes de desgradar assim que vi as condições... Praia muito rasa, quase sem fundões, com coroa muitooo longe e só depois o declive... Só quem lançasse bem ia lá chegar. Os outros iam depender de alguma sorte na enchente, algum peixe que entrasse para os cabeços e por ali se aguentasse, mas devido a serem cabeços demasiados extensos, algo que não me agrada, não acreditava muito. Mas lá fui montar o acampamento o mais rápido que pude para não perder mais tempo. Reagi.

Montei as canas somente com um estralho comprido, sempre de urfe, e apostando no casulo e na tita... Estava cansado e muito mole, além de estar com muita fome e sede. Lancei as canas, mas fiquei com a sensação de que estava a trabalhar muito mal. Estava a lançar pouco, mas para já tinha que ser. Fui-me sentar um pouco, comer, beber um pouco de água, relaxar... Tanto eu como o João estávamos estafados. Fiquei uma meia hora sentado a ganhar forças, a ganhar energia, doía-me tudo e não devia ser o único... Levantei-me e fui ver das canas, tudo na mesma, não tinham tocado em nada... Hmmm... Mantive a tita e troquei o casulo por caranguejo a ver como a coisa corria...

Tornei a sentir que que estava a lançar mal, sem ganas, julgo que isso se sente bem a quem está habituado a pescar. Uma sensação de frustração.

Nisto recebo uma chamada... Era o Joãonumberone, a perguntar como me estava a correr... Bem só lhe disse assim... " Não está... Estou a zeros". E ele diz-me que ele, o Soares e o Emanuel já tinham feito uns peixes jeitosos... Uma sensação... Filipe... Se queres peixe, tens que te esforçar mais, estás sofredor...

Sinceramente nem sei onde fui buscar energias, sentia-me cansado e as pernas doíam e cada vez que ia levantar as canas era um sofrimento... Mas... Agarrei nos iscos, e resolvi me mexer... Fiz as minhas iscadas, as que eu gosto, mais gordas e sempre atadas de forma a rebentar um pouco dos iscos para lhes retirar o molho irresistível que têm... E fui iscar todas... Lancei o mais longe que consegui, alterei os lançamentos e decidi abusar dos OTG, tentando aprimorar cada um... As canas despejavam linha como não tinham ainda conseguido esta noite... Finalmente senti que estava a trabalhar bem, esse feeling é algo que se sente facilmente quando te conheces bem. Lutei.

Logo no primeiro lançamento vejo a Hellion a bater e deixei estar um bocado, olho para a Supercore e também estava dobrada... Hmmm... Levantei-me, levando já 2 caranguejos descascados... Agarro na Supercore e sinto o toque, dou-lhe só um cheirinho para confirmar a ferragem e começo a recolher... Ali na escoa, uma linda luta, peixe com força, um sargo de umas 700 gr. que me pareceu ser bem maior... Muita luta, muita mesmo para o peixe que era, bom, mas não um matulo... Foram várias as vezes que tive que abrir o drag para o deixar ir com a escoa sob pena de o perder se não o trabalhasse dessa forma, andei ali num vai abaixo e vai acima durante uns minutos. Peixe finalmente a seco numa das ondas maiores, que aproveitei para o trazer... Foi só tirar, iscar, e ir logo ver a Hellion, e assim que agarrei senti um pouco de peso... Dei novamente o toque e sentindo peixe ferrado, foi recolher... Este muito mais fácil, pouca luta deu na escoa, uma baila jeitosa, mas pouco lutadora... Foi só iscar e iscar de novo. Novamente com gana e técnica, cana lá bem fora... Lutei.

Fui me sentar um pouco, enquanto esperava, empatei uns anzóis para facilitar a troca e descasquei mais uns quantos caranguejos... Olhei para o céu, acreditem que o faço muito, sabe-me bem, é uma forma de ligação que sinto ao "momento" ao mar, aquela magia da noite junto ao mar...

Caranguejos descascados, anzóis iscados, prontos para ser só trocar e pimbaaa... Olho para a Hellion Evolution e lá está ela a marcar de novo... Corro para ela e que pica... Este sargo devia ter comido esteróides, não imaginam a força, as cabeçadas na escoa, os arranques que fez... Pensei que tinha algum sargo de quilo e meio... Grande pica, mesmo, grande pica. Um sargo de umas 800 gramas, mas que epa... tinha muita força, muita. Peixe fora, joguei-o para a areia mais acima, mudei o estralho, corri para a Supercore que entretanto estava a bater... Cana na mão, peixe ferrado... lá fui recolhendo, este fraquito, lol, pouca força... Só na escoa senti um toque maior e lá deu para curtir um pouquito... Mais uma baila... Estralho cortado e trocado pelo novo já iscado... Uma corrida pela praia... Momentos únicos, gloriosos, não tanto pelo peixe, mas por algo que só os verdadeitos pescadores lúdicos podem entender. A alegria de estar a pescar é algo fenomenal... De estar a sentir peixe, de viver aquela adrenalina, uma felicidade tão grande, mas tão grande de estarmos a fazer algo que nos motiva, que nos alegra... Algo que a meu ver a internet tem de certa forma estragado. Ser lúdico é gostar de estar a pesca, é tirar prazer do desporto em si...

E que prazer eu estava a ter, uma espécie de DEJA VÚ, tal como tive o ano passado com o Guilherme naquela noite de muito sofrimento... Após tanto andar, após tanto esforço físico, após ver a equipa desanimada por a pescaria estar a correr mal, o mínimo era atingir o tal ponto em que pescador e mar se conjugam e conseguem viver o momento, independentemente depois dos resultados materiais daí retirados...

Sentei-me mais um pouco, e fui fazendo o mesmo, preparando a troca de iscos, deixá-los já feitos, fui descascando caranguejos e preparando também uma salsicha nova.
Fui falando com o João que não estava com sorte, não tinha qualquer actividade, e lá fui insistindo para ele usar os meus caranguejos pois podia ser por isso... Na realidade o peixe só caía com o caranguejo e quando assim é, o mínimo é trocar logo uma cana para o isco que está a dar resultados  pessoa do lado. Ele disse que ia aguardar um pouco e que depois já trocava... Julgo que até nisso teve algum azar... É que a pesca é feita de momentos... e enquanto as minhas canas já lá estavam dentro com o caranguejo, ele ainda não tinha, e logo de seguida novamente a Hellion a direito... Fui direito a ela, senti o peixe e fiz novamente a ferragem... Peixe ferrado com alguma força e actividade, seria provavelmente outro sargo e assim foi... Mais um cá fora com aquela luta bonita na escoa que gosto muito... É como andar de avião, tirar um peixe neste tipo de pesca... A descolagem e aterragem valem por tudo. São dois momentos que valem esta pesca valer mais a pena, que lhe conferem um sabor especial...

Logo de seguida torno a ver a Supercaster a bater, a Maseraty a bater... Desta nem lancei a cana... Corri para a Supercore, ainda senti o peixe, mas desta não o ferrei, nem ele se ferrou... Recolhi uns metros confirmei que não estava lá, tive que largar e correr para a Maseraty que tinha o peixe ferrado, a linha muitos metros para a esquerda... Como é que estas bailas conseguem arrastar tantos metros uma chumbada... Acho espantoso!!! Lá desgradou o raio da cana... Isquei rápido e fui fazer o mesmo às outras canas... Estava roto, mas com uma pica... Com a brincadeira toda, o tempo correu, e estávamos a minutos do nascer do dia... O João entretanto tinha tirado uma baila... Ao menos estava desgradado... Do GANG as notícias que me chegavam é que a pesca estava fraca para a maioria daquele lado... Mas que havia pessoal com peixe, alguns em condições...

Uma última tentativa de aproveitar o momento... Sentado comi o resto da comida, bebi a pouca água que tinha e olhei para trás... O horizonte trazia ao longe a luz, sabia que provavelmente tinha sido o último lançamento de noite, e fechei os olhos... De certa forma tinha que estar agradecido por o que tínhamos conseguido depois de tanto sofrimento e de termos quase a pescaria lixada, mas por outro lado, senti que o peixe estava no pesqueiro e que o fim da noite terminava uma pesca que se estava a compor e que podia ser muito melhor caso tivéssemos mais uma hora ou duas no escuro... Apesar disso, fiquei agradecido por tudo... O João foi um excelente amigo, um companheiro à altura, o grupo como sempre impecável...

Resolvi levantar-me e ficar junto às canas, estava só à espera... E ainda tive a última alegria... A Hellion torna a bater e eu estava ao lado da Supercore, foi só dar uma corrida e agarrar... Estava já ferrado, alguns bons toques, deu logo para ver que seria outro sargo com algum tamanho... Lá fui recolhendo devagar, e olhem que fui mesmo recolhendo devagarinho, devagarinho, só para aproveitar o último peixe da noite... Atrás de mim o dia já estava ON, e o último sargo foi um motivo de alegria. Terminou para mim a pesca ali... Isquei as canas e fui me sentar, recolhendo a tralha, arrumando linhas, iscos, preparando o fim da pesca...

Ao longe íamos vendo com o nascer do dia a malta toda, e lá fomos vendo todos a recolher... Uns a seguir aos outros iam arrumando a sua tralha... Uma a uma, lá fui desarmando as canas... Em parte, felizmente que estávamos perto e em 10 minutos de caminhada estávamos ao pé do carro... Pelo caminho só lá estavam ainda o Soares e o João, o resto já estava a nossa espera...

Ao chegar, a festa do costume, um a um íamos rindo e falando da noite de cada, das pescarias, das grades... Fiquei com muita pena que o Filipe João e o Santos tivessem gradado, mas é de louvar a alegria deles em estarem connosco, em curtirem a noite em si... Muito bom. A eles uma vénia por o que representam para mim.

E finalmente sorri...

Lá ao longe finalmente o Joãonumberone e o Soares... O João fez o grupo esperar meia hora por ele, e depois de chegar fez o grupo esperar mais meia hora para fazer isto!!! Ai Costa... A vida Costa!!!

Antes de irmos embora numa noite em que não perdi tempo a tirar fotos como é costume, tempo para mais uma foto de grupo. A todos obrigado. O GANG está unido e em breve tornará a se juntar...

Que monstro...

Material:
Canas: Vega Hellion (3); Vega Hellion Evolution; Vega Supercaster; Yuki Maseraty; Amorim Crossfire; Daiwa Prime Caster; Shimano Surf Leader; Banax Steel Power (2); Yuki Taylor X6; Tubertini Twin Flex; Shimano Power Aero Sensitive; Daiwa Tournament Caster Hybrid

Carretos: Vega Brava; Shimano Bull´s Eye XT (4); Shimano Aero Technium XSB; Shimano Ultegra XSA; Shimano Ultegra XSC (2); Shimano Ultegra XSB (2); Daiwa Saltiga Surf; Shimano Aero Technium XT (2); Shimano Aero Technium MG

Linhas: Vega Potenza ST, Vega Surf Tech, Yuki Kenta, Cinetic Sky Line, Seaguar FXR, Vega Power Line 100% Fluorocarbono, Sufix 100% Fluorocarbono

Anzóis: Hayabusa KFS, Sasame Super X, Asari Laser Chinu, Sasame Porto Chinu

Iscos: Caranguejo 2 cascos, casulo, ganso nacional, salsicha, lula fresca, titas, coreano



FilipePC, João Rocha, Santos, Filipe João, Joãonumberone, Soares, Emanuel e Paulo