Mais uma jornada as corvinas...
O Emanuel convidou me para ir com ele, o Paulo e com a malta as corvinas... A um amigo que nunca te falha, não se diz que não... Mesmo que não me apetecesse tinha ido pela companhia, mas pese embora a pouca vontade que sinto este ano para andar atrás delas, estar com amigos apetecesse me sempre...
Alguns amigos têm me perguntado se não tenho apanhado grandes corvinas tal é a loucura que a malta descobriu pelo Tejo... A resposta que lhes dou é a mesma que aqui vou escrever: Tenho apanhado, mas a menos que sinta que o relato merece a pena valerá a pena mostrar mais peixe? Já não chega? Bem... Vou ver se faço mais alguns relatos delas, mas perdoem-me, não farei a maior parte deles. Não estou com inspiração para tal... Não esperem mais do que 3 ou 4 relatos delas...
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Mas fico feliz de ver alguns de vós a baterem os vossos records e a sentirem peixes destes nas linhas, que realmente dá gozo e é impressionante para a maioria. Entendo isso perfeitamente e desejo de coração que se divirtam e se possível que apanhem algumas.
A inspiração para escrever é a mesma que sinto pela pesca... Talvez por isso não me tem apetecido fazer os relatos das corvinas... Confesso-vos sem qualquer tipo de ressentimento que tenho saudades do passado no que a esta pesca diz respeito por N motivos que não me apetece agora falar, mas digamos que perdida a inocência nada mais é igual... Somos predadores sem limites! Tenho saudades de tremer com uma, a sensação da banalidade quase que se apoderou de mim... É mais fácil tirar uma corvina de 30 kg. que um sargo de quilo e meio a bóia...
Bem esqueçamos isso, e vamos falar de coisas alegres...
Como vos disse mesmo sem pica, para passar uma manhã entre amigos estou sempre pronto. Por isso agradeço a quem me convidou. Soube me bem apesar daquela confusão toda... Houve momentos em que me lembrei dos tempos de menino a andar nos carrinhos de choque na feira de Corroios e na Feira de Cacilhas...
Fico impressionado com a malta dos Kayak´s, louvo não sei se a loucura se a destreza e coragem para arriscarem a vida ali no meio daquilo... Espero que não aconteça nada a ninguém. No dia em que isso acontecer, acaba-se a pesca por lá, e aí ainda mais a vontade ficam aqueles que fizeram do Tejo a sua horta clandestina.
Ver-nos com uma cana a lutar contra tanta rede, aparenta ser quase uma missão impossível...
A pensar neste inquérito feito sabe se lá por quem, e após ver tantos pescadores a perderem amostras em redes não sinalizadas e aparelhos fantasmas, ainda mais fiquei com a noção que se houvesse uma pessoa com poder e juízo na cabeça da parte de quem faz as leis, sabia bem que medidas tinha que tomar... Andarem atrás de um simples consumidor com os dealers a solta é próprio de quem não tem boas intenções. É mais fácil multar um pescador de cana que apanha meia dúzia de corvinas ao ano do que levantar redes e aparelhos clandestinos que por dia matam centenas de quilos, ou mesmo toneladas... É o que temos, e não devíamos aceitar isto, mas...
Sobre o dia em si... Bem, muita gente a procura de mais umas corvinas agora que a coisa está mais incerta, tenta-se dar com uma ou outra...
Saímos do Seixal eram umas 5 e meia, 5 marinheiros de água doce a procura da sua sorte... Na minha mente tinha em ideia 2 factores... Por sermos muitos tínhamos que ser disciplinados e tínhamos que ter alguma sorte num spot pois alguns deles eram novatos e não é fácil pescar lá, pois perde-se material se não souberes lá pescar...
Chegámos lá estavam já dois conhecidos que fizeram sinal que estava fraco e logo realmente a sonda só acusava peixe num declive e não era nada demais... Os barcos iam chegando e 2 passaram a 10 e 10 a 40 em minutos... Nós ali andávamos a tentar dar com o peixe tal como a malta toda... Reféns da tecnologia, reféns de uma máquina, sem ela esta pesca seria um "deserto de ideias" para a maioria.
1ª passagem, 1 vinil, 2ª passagem outro e outro... Sempre a prender!!! Falei com o Emanuel para irmos mais para cima pois assim não se pescava e era só perder vinis... Não fazia sentido. A minha suspeição estava correcta, aquele spot é muito bom, mas não pode ser para se pescar com tanta gente e daquela maneira.
Aos poucos o peixe foi aparecendo na sonda e lá vimos ao longe as primeiras duas canas em esforço... A malta entra em loucura... Em blocos, literalmente em blocos via se os barcos e kayaks a pescarem como se em grupo se tratasse. A ideia base é simples... Dar com o peixe e estar atento ao "vizinho" pois qualquer um pode dar com o peixe. Depois é ser rápido e posicionar bem o barco, o resto embora possa ter ali uns toques de magia passa também por muita sorte... Muitas são ferradas por fora da boca, seja na cabeça, barbatanas, ou qualquer outro sítio. É onde calha...
A maré estava mesma na reponta e com a sonda a marcar alguns peixes, chegando a marcar grandes cardumes... Já tinha rodado 3 amostras e decidi por a Lemon Back da Savage e comecei a recolher de uma forma mais lateral. Devido a forma como o barco estava a andar no meio daquela confusão de barcos e kayaks com linhas em tudo o que era spots senti me mais confortável a trabalhar assim.
Numa dessas tentativas senti finalmente peixe, 3 pancada, uma ferragem falha, a cana dobrou toda e fez tipo mola... Paciência... Tirei para ver o vinil e até tinha os dentinhos dela... Cortou-me uma bocado, mas experimentei e trabalhava bem... Resolvi não trocar... Se senti peixe com ele é porque elas viam nele um sushi de qualidade... E há que insistir... Drag bem afinado... Meti uma fateixa para ajudar a ferragem e logo de seguida ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ... cana toda dobrada e pobre corvina... lol... Eu estava preparado para aquilo, bem preparado e sabendo antemão do tráfego da zona, e sabendo bem como se comportam estes peixes, pois não descobri esta pesca este ano, já vão muitos anos, estava com material potente, multifilamento muito grosso ( na reponta funciona bem, a correr convém baixar o diâmetro).
Cana sempre lá em baixo, e a minha concentração passava por não permitir que o peixe saísse dali perto pois o risco de passar por baixo de algum barco e me cortarem a linha era enorme. Daí só por uma vez ter sentido algum receio e fui obrigado a abrir um pouco mais o drag que regulado daquela maneira com a linha que tinha, sabia que por muito grande que fosse não me ia fazer maratonas. O Emanuel lá foi controlando o barco e fez um excelente trabalho, pois no meio de tanto barco é preciso alguma calma... Bem a bicha lá deu alguns ZZZZZZZZZZZ´S como é natural e muitos sabem como é... Infelizmente nunca conseguimos sair do meio da malta, pois eu queria que o Emanuel nos tirasse devagar dali e eu ia obrigando o peixe a acompanhar mas não dava e lá tive que ir tendo a máxima concentração... Já perto do final da luta a gaja tem um ataque de potência que acreditem os que nunca apanharam uma assim, era arranque para o carreto fazer um ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ interminável, mas a cana, carreto e linha susteram aquela potência e arrumaram com ela...
VÍDEO:
O vento tramou-nos... Passados uns 10 minutos levanta um vento infernal, e com a maré a correr contra o vento a coisa tornou se quase impossível... Aumentei o peso do cabeçote, mas era um sofrimento, a linha em segundos saía ali do pé de mim, ou seja do meu controle e quem diz eu, diz quase todos os barcos... Era malta toda enleada, outros que mal lançavam recolhiam... Pese a magnífica resistência que o Emanuel com aquela vontade de sentir uma burra... Eu sabia que já só por milagre... São coisas que a experiência nos ensina com os anos no Tejo que levo... Ali pelo menos a coisa estava terminada... Eram 9 e pouco da manhã e já estava a pesca feita...
No caminho para casa a boa disposição de sempre... Malta 5 estrelas que me tratou super bem, amigos que ganhei com a pesca, e principalmente o Emanuel um amigo do peito, mais um que a este desporto me fez conhecer...
Depois de chegar a terra e desembarcar era hora de irmos beber um café, e depois pensar o que fazer ao peixe... Tal como lhes tinha dito não ia ficar com nenhum peixe que apanhasse. Fui com eles e fui com gosto por estar com eles... Só.
Após café da manhã que estava mesmo a ressacar fomos até casa do Paulo onde com espaço conseguimos tratar da "menina. O Emanuel é um talhante de luxo, fizemos a bicha aos bocados, deu alguidares de postas... Paletes delas, resmas... lol...
O anfitrião convidou-nos para irmos almoçar este mês lá a casa, umas postas na brasa enquanto nos banhamos na piscina... Lol. Convite aceite, e espero poder vos mostrar a outra vertente da pesca daqui a umas semanas... Porque para quem adora este desporto, todos os detalhes são pesca, todo o convívio faz parte da jornada...
Ao meu grande amigo um obrigado, epa, em breve serás tu a tirar uma, ao Paulo um abraço forte, ao Jorge que se sentou em cima da GO PRO no momento em que estava a tirar o peixe para o barco, outro abraço, lol... A todos o meu obrigado pela forma como fui tratado e pelo convite.
Ficam algumas fotos da menina... E um vídeo infelizmente incompleto...lol.
Material:
Canas: Vega Bulljig; Barros Sout RED
Carretos: Quantum cabo 60, Daiwa Catalina
Amostras: Savage Sandeel, Fiiish Black Minnow; Fiiish Crazy Sandeel
Muito fixe filipe
ResponderEliminarQuem gosta destas emoções tem de passar pelo circo das corvinas no tejo
Somos predadores, mas não estamos no topo da cadeia alimentar....
como sempre, com os teus relatos parece que estamos lá no meio da confusão.
Num documentário na televisão vi uma cena muito parecida com esta situação de pesca, que é a pesca aos tarpoês na América todos á mólhada com vinis.
grande abraço Filipe.
Parabéns por mais uma menina meu amigo e o que interessa é que te divertiste e apanhaste os ares do Tejo :-) Grande abraço para os dois e bons almoços e jantares..hahaha
ResponderEliminarLuís Malabar
Muito bom tópico, sobre uma pesca que de facto se vai tornando cada vez mais um verdadeiro circo. Já lá estive no spot este ano e também apanhei um bela menina (record pessoal), mas admito que entre a adrenalina de um peixe destes ferrado na linha e o stress de evitar colisões com outros barcos ou kayaks e enleamentos, etc... as sensações são se facto mistas!!! Adorei o paralelismo entre pesca à corvina e sargos. Uma das minhas pescas de eleição também é ir aos sargos à bóia com estojo ligeiro. Acho que em potência e luta, sargos quileiros nada deixam a desejar em termos de emoção, para grandes corvinas... Um bem haja à malta que contribui para este excelente blog e continuação de boas aventuras pesqueiras!
ResponderEliminarJoão G