Polvos no Tejo

Um dos maiores petiscos da época e o Polvo, cefalópode que nos meses de Novembro e Dezembro encosta a zonas mais costeiras... É época para se ir fazer uma ou outra pesca para ter uns polvitos para o Natal...

Quem não gosta de um arrozinho de polvo ou um polvo a lagareiro??? Pois...

Só por isso e só por isso... Mesmo não gostando nada desta pesca lá se foi fazer uma para ter umas reservas para a época que se aproxima.

É difícil fazer qualquer relato numa pesca que me dá pouco prazer e que se baseia no puxa e larga...

Para que percebam os menos conhecedores deste tipo de pesca, ela baseia-se no seguinte, isto pescando de embarcação... Dependendo da fundura temos que ter cerca de 50 metros de cabo/linha, que deve ser bem grossa para não ferir as mãos, uma linha de cerca de 1mm para prender o peixe na piteira( artefacto usado para a sua captura) e cavala/carapaus, ou outro peixe para pôr na piteira de forma a fazer de chamariz ao polvo... Existe ainda quem use os pacotes de batatas fritas virados do avesso para os excitar ainda mais. A chumbada depende da corrente, mas usamos entre 350 a 500 gramas... Depois, sempre com o barco a rola ( sem ser fundeado)... lança-se para baixo a corda, e quando bater no fundo damos pequenos toques com o pulso para cima e baixo... e quando se sentir peso ( à imagem da pesca ao choco com os palhaços), puxa-se... Se o peso se mantiver é porque o povo está lá... 

Outra dica importante... As melhores marés são a encher e principalmente nas paragens da maré, e nas marés de baixa amplitude, as chamadas marés redondas.

Por isto escolhemos uma maré pequena, cerca dos 2,9 mt. de praia-mar e la fomos... Um quilito de cavala fresca e lá fomos nós...

Em busca de meia dúzia de polvitos para cada um... Não tivemos sorte com o dia, frio, vento e alguma aguagem que nos dificultou muito a pesca. A primeira hora foi penosa, e nem um polvo apanhámos... Passamos muito tempo a procura deles, a ver se encontrávamos o spot correcto... A zona quente deles tinha meia dúzia de gatos pingados. Nada de especial. E não se via nng a apanhar nada... Era tudo a andar as voltas a ver se os achávamos... A maré essa estava perto da baixa-mar, talvez por isso não me espantava que não apanhássemos nada. Sabem que nesta pesca, apesar de ter muito saber, como em todas, aprende-se rápido o básico... Não é nada transcendente... Só as dicas que deixei acima, vos ajudam facilmente a capturar alguns polvos... O resto epa... isso igual a malta profissional não há... eles são speedy gonzalez nesta pesca... Polvos é com eles.

Resolvi parar para comer qualquer coisa... o frio cortava-me... parece que entra pela roupa dentro... Não fosse estas roupas tão quentes e leves que actualmente existem e não sei se me aguentava ali a sofrer tanto...

A maré estava a parar e finalmente podíamos tentar dar com eles mais sossegados e com menos sobressaltos... Deixamos as zonas mais chegadas e abrigadas e fomos mais para a fundura, zonas com cerca de 30 a 40 metros de fundo... Rapidamente e para nossa alegria demos com eles... O Palma apanha dois seguidos... e animou-nos o dia...

Chumbo para baixo... toque toque... toque toque... ui!!! Peso??? Leva esticão... Mantém o peso... toca a dar ao braço, e pessoal é aqui que custa... corda e mais corda a mão é dose!!! Uma vez, duas vezes, três vezes... E apetece deixar a porra da piteira lá em baixo e marimbar nos polvos... lol.

Com as mão em pedra, mas com meia dúzia de polvos capturados ja podia me rir um pouco... NO PAIN, NO GAIN!!! Estávamos a tope, a aproveitar ao máximo a paragem da maré e a fazer os possíveis para apanhar o que desse, pois quando ela começa a correr o esforço é a dobrar.

E agora imaginem com 5 graus, um gajo a certa altura já transpira lololol. Lindo. Braço para cá braço para lá... corda sempre esticada. Pessoal isto é importante ao tirar o polvo pois ele se sente a linha frouxa foge mais facilmente... E nunca se pára, é sempre a top até ao barco. Quando a maré virou já tínhamos uns 15 polvos, mas como estava a correr bem melhor do que estávamos a espera para o dia que estava com aquele vento todo, resolvemos sofrer mais uma horita e aproveitar ainda a pouca corrente.

A vantagens destas águas mais curtas é exactamente isto... Pode-se pescar um pouco mais do que em mares de grande amplitude onde só nas paragens se consegue pescar. Toque toque, toque toque... peso... Polvo... Toque toque... Peso... polvo... Mais dois seguidos e a caixa ia ficando cada vez mais composta...

O sol ia alto, neste Domingo gelado, e a nossa pica nos pícaros... Durante ali mais meia horita fizemos mais uns 10 polvos, com tempo ainda de soltar um pequeno, e olhámos um para o outro, e dissemos basta...

Palma, é mais um a cada e chega, já temos muitos... E assim foi... cordas abaixo, e os dois mais ou menos ao mesmo tempo, dois polvos ferrados, e os dois a rir e a tirar ao mesmo tempo até ao barco... Sempre a competir a ver quem chegava primeiro, lol.

Ainda la ficou malta, mas a corrente estava a ficar muito forte, e mais um ou outro não ia mudar nada e já sonhava com a minha banheirinha cheia e quentinha... Era tempo de tirar o barco na sempre íngreme rampa lá da zona  e parar apenas para o cafézinho da ordem.

Para quem foi fazer uma manhã apenas para se divertir e passar o tempo, não nos podemos queixar. O frio gelou-nos, mas os polvos aqueceram-nos bem, lol, tantas foram as vezes que puxei aquelas cordas...

Não sei se lá volto este ano... Se não voltar, para o ano há mais...

Ficam alguns dos polvos capturados, já polvos de bom porte.

Filipepc, Ricardo Palma, Ospescas