A fazer recordar os velhos tempos...

Já fazia uns largos meses que não fazia uma pescaria juntos dos amigos, não só por falta de tempo mas acima de tudo porque a cabeça não têm andado bem e como dizia o António Variações " quando a cabeça não têm juízo o corpo é que paga" e desta vez o corpo pagou e de que maneira...

Nada melhor para clarear as ideias do que ir  para junto do mar e tentar esquecer por breves instantes todos estes factores alheios á minha vontade, um telefonema para o Nuno e para o Carlos e prontamente uma pesca de bóia foi a opção escolhida.

ralo...

É em  alturas como estas  que os amigos nos fazem falta e nós precisamos deles para desabafar...e neste aspecto tenho a sorte de não ter muitos mas os que tenho são bons e sei que posso contar com eles.

Mas voltando á pescaria pois é isso que me faz escrever estas linhas...lá encomendámos o isco ( desta vez a escolha passou por ralos e minhoca ) e escolhemos o melhor dia para voltarmos a um pesqueiro que em tempos atrás me proporcionou verdadeiros momentos de prazer, o parque da Secil na Arrábida.

Um pesqueiro com umas condições excelentes para a prática desta modalidade e com toda a comodidade para passarmos uma noite em plena cavaqueira e confraternização, é um pesqueiro conhecido por muitos pescadores, mas que têm alguns "segredos" a ter em conta no caso de se querer ter algum sucesso.

Vou tentar desmistificar ao longo do relato esses "segredos" de forma a que consigam entender a melhor forma de lá ter umas boas surpresas.

Já com o isco dentro do carro, lá arrancámos  para uma noite que prometia ser boa a nível climatérico, o Windguru indicava uma noite com pouco vento e o pouco que se fazia sentir  era de quadrante norte o que significava que devido ao facto de termos a serra da Arrábida pelas nossas costas seria uma noite completamente tranquila, a maré era  redonda ( maré com pouca variação de amplitude ideal para pescar neste local )  pois em marés de grande amplitude a força da água é tanta que não nos permite fazer uma pesca nas  melhores condições e com a vantagem de irmos apanhar a altura que considero ser  a melhor para se poder pescar á bóia neste local que é o fim da vazante e principio da enchente.

Chegados ao local pudemos comprovar que as coisas ainda eram como noutras alturas , a presença de alguns "habituês" da zona colocados em sítios específicos significava que os peixes que tanto ansiávamos poderiam aparecer, já tinham algumas  capturas dentro das suas alcofas mas nada de especial, alguns peixes de pequeno porte mas como disse anteriormente este pesqueiro requer algum conhecimento pois são pequenos pormenores que fazem grande diferença.

uma choupa miniatura...

Canas já vindas preparadas de casa com bóia de correr de 25 gr, isto porque como disse anteriormente o tempo de pesca neste pesqueiro não é muito longo portanto á que perder pouco tempo e rapidamente demos  inicio á nossa jornada, a 1º profundidade testada foi 9mt ( pois este pesqueiro permite-nos pescar a estas profundidades e superiores, podemos pescar menos fundo mas com conhecimento de causa vos posso dizer que o peixe que apanhamos a menos profundidade é sempre mais pequeno, pois a "rataria" é bastante abundante) canas lançadas para o largo e agora era esperar até que a nossa bóia desse algum sinal de acção,  algo que não demorou muito tempo pois os ralos são um isco de eleição para este pesqueiro e os sargos não se fazem rogados quando chega a altura de os "atacar" de uma forma voraz.
Bóia a desaparecer do nosso horizonte e já estava ferrado o 1º sargo, um exemplar a rondar as 600gr e que  fez o drag disparar de uma forma bastante satisfatória, o facto de estarmos a pescar mais fundo que o normal faz que um peixe de médio porte nos dê uma luta parecendo um exemplar de uma vida!!!

Já com o peixe cá fora e após alguns segundos de puro prazer era tempo de experimentar o outro isco, neste caso a minhoca que é para este local outro dos iscos de eleição ( quem pesca lá á uns anos já pôde comprovar que existem dias em que este isco nos proporciona autênticas pescas memoráveis ) não sendo um isco difícil de arranjar é um isco que utilizado na altura certa da maré ( estofo da maré ) pode marcar a diferença chegando mesmo a ser superior aos ralos.
Bom já tinha "desgradado" e "matado" as saudades de apanhar um peixinho, a companhia era do melhor e o rosé fresquinho que o Carlos tinha levado escorregava pela garganta de uma forma inexplicável ...

Mas como era para a pesca que tínhamos  ido, continuámos com as nossa experiências e a esta profundidade ( 9mt ) e com o isco que estávamos a utilizar ( minhoca ) a "rataria" ainda se fazia sentir pois a bóia não parava de dar sinal de acção, como não era este porte de peixe que andávamos á procura decidi pescar um pouco mais fundo e desta vez a uma profundidade de 13mt mantendo a minhoca como isco.

Não demorou muito tempo quando vi a minha bóia dar sinal e faço a ferragem, qual não foi o meu espanto quando vejo a minha bóia a vir para cima a uma velocidade considerável e constato que tinha acabado de ferrar uma baila de bom porte ( a rondar as 800gr ), posso garantir que em largos anos que pesco neste pesqueiro foram poucas as vezes que a esta profundidade um peixe desta espécie se deixou apanhar!!

A noite fui avançando e fomos alternando as profundidades ( nunca a menos de 8mt e chegámos mesmo a pescar a 15mt de fundo ) e os iscos ( alternando entre a minhoca e os ralos ), com o virar da maré a actividade baixou um pouco e a "rataria" desapareceu.
Era agora a altura de apostar forte nos ralos, pois podiam andar por estas águas alguns sargos de bom porte, o que se veio a comprovar.

a pescaria...

Não foram muitas as capturas, mas todas elas bastante agradáveis pois todos os peixes deram uma "luta" interessante fazendo relembrar os velhos tempos em que os sargos faziam-se sentir em grande numero.
O Carlos ainda tirou outra baila a rondar o mesmo peso da anterior e o Nuno deu quase em maluco com a enorme quantidade de ferragens que não conseguiu efectuar, á que ter calma pois este não é um pesqueiro fácil para quem se está a iniciar nestas lides da bóia, á que insistir pois tenho a certeza que ainda iremos fazer juntos grandes pescarias de sargos em pesqueiros que ainda estão por explorar, tudo a seu tempo.
A noite tinha chegado ao fim, em resumo uma noite agradável em que os peixes marcaram presença e em que a boa disposição esteve sempre presente, são noites assim que me fazem amar este desporto de uma forma desmedida...

Espero ter desmistificado alguns "segredos" deste pesqueiro que aqui ficam de uma forma resumida, apostar em profundidades um pouco mais fundas, pescar mais largo de forma a pescar dentro do "canhão", tentar escolher sempre marés com pouca variação de amplitude e se possível tentar fazer o fim da vazante e principio da enchente, os iscos que recomendo, ralos ( não sendo um isco fácil de arranjar, procurando bem á quem consiga encomendar), minhoca, lingueirão vivo e camarão do rio.

Obrigado aos dois pela companhia, pela força que me deram e pelas excelentes bolas de berlim que compartilhamos num fim de noite bastante agradável, um grande abraço para os dois...

Material utilizado:

Canas: Tica Taurus 6mt, Nbs Mega Float Deluxe 6mt, Hiro Capedo 6mt
Carretos: Banax SI1300dxb, Penn Sargus 4000
Linhas : Asso Fluorcoattedd 0.24
Anzóis: Sasame Point Chinu nº 1

Um abraço,
Pedro PJPescador