Boas Pessoal...
Desta vez não tenho nenhum filme para vos mostrar, nem um relato xpto carregado de grandes peixes...hahaha.
Quero apenas partilhar convosco, o peixe capturado pelo meu sogro. Um Veleiro muito bonito e que acabou por ser a única captura do dia...:-) Pois nem sempre conseguimos carregar de peixe e quando a lua não ajuda. Temos que nos dar por felizes por ao menos conseguir trazer um peixe para casa.
Uma coisa que aprendi na pesca, depois de já ter pescado em Portugal, nos Açores e agora em Angola, é que independentemente da quantidade de peixe que possa existir nuns sítios mais do que outros. A realidade é que vamos gradar muitos dias ao longo do ano.
Isto nada tem a ver com o pescador, mas sim com a natureza e contra ela, não à nada a fazer, a não ser voltar no dia a seguir e tentar de novo. Claro que muitas vezes gradamos, porque não estamos a fazer a pesca que o mar pede naquele dia, mas sim a pesca que nós gostamos de fazer. É como estarmos ao spinning e não sentirmos peixe, e o colega do lado a pescar ao fundo, carregar de robalos...hahaha.
Claro que naqueles dias que o peixe não quer a minha pesca, eu podia fazer outra. Mas a verdade é que se queremos ser bons tecnicamente e mentalmente numa pesca, não podemos ir a todas. Porque mais vale saber fazer uma coisa bem do que muitas mal. Principalmente quando não vêm do coração.
Acho que este foi o melhor conselho que dei a alguns dos meus amigos que queriam começar a pescar. Que foi. Nunca corras atrás do peixe, mas sim, da arte de pesca que te vai no coração, e quando souberes qual é. Ai sim, vais descobrir o peixe.
Eu dava este conselho, pois para quem está a começar aprender a pescar e vê tantas modalidades de pesca. Acredito que fique confuso, e um dia quer fazer spinning porque viu uns robalos a serem apanhados, como no outro dia quer fazer surfcasting, porque viu uma grande pescaria que alguém fez ao seu lado!!. O que não invalida que não façamos todas, sempre e quando o nosso coração continue apaixonado por cada uma, e como eu disse, nunca pelo peixe!!...essa paixão vem depois de um longo enamoramento..hahahaha.
Este foi um dia de deserto, apesar de vermos alguns peixes voadores e miriassangas a voarem, seja os dourados como os veleiros simplesmente não apareciam. Começamos a corricar por volta das 9h da manhã e só às 13h30 e a virmos embora é que surgiu do nada...um lindo Veleiro..:-)
Para quem não sabe, a miriassanga ou ballyhoo, não é nada mais que o petisco preferido de muitos predadores de água livre. Trata-se de um peixe muito parecido com um peixe agulha e que também consegue voar por cima de água, mesmo que muito menos tempo que o peixe voador.
Depois de eu e o meu sogro termos levado dois dias antes um baile de 8 veleiros, acabando por não conseguir-mos ferrar nenhum. Eu fiz algumas alterações que acabou por fazer toda a diferença e que ajudou à captura deste exemplar...:-)
Fico muito feliz pelo meu sogro, e a ele dou os meus parabéns..:-)
O Veleiro, é um peixe muito esperto e manhoso. Para quem não conhece, é um peixe que na maioria das vezes apenas vemos o seu bico fora de água. O que faz com que a nossa atenção seja redobrada, pois pode ser a diferença entre conseguirmos o ferrar ou não.
Eu tenho usado 4 canas, onde duas fazem de teasers, com dois pássaros e duas lulas. Posicionadas bem na ré e outras duas com isca morta, a miriassanga, empatadas com um anzol circular, posicionadas a meio, entre as outras de fora e a ré do barco.
O Veleiro, como qualquer peixe de bico. Usa a sua arma, que é o bico para matar a sua presa e só depois a comer. Portanto os primeiros arranques que ouvimos do carreto, é ele a bater com o bico ou na lula de plástico ou na miriassanga.
A dificuldade a meu ver é saber quando é que ele engole a miriassanga ou a lula. A miriassanga é empatada com um anzol circular. E para quem nunca usou um anzol circular, nós ferramos o peixe, mas não da mesma maneira que normalmente se ferra. A dificuldade está em sentir na linha se ele só tem o isco na boca ou se já o engoliu. Quando eu digo engolir é antes de entrar para o esófago do peixe. Pois o anzol circular foi criado para não ferir o peixe nas guelras, mas só a boca.
Vou tentar explicar como é que ferrei o veleiro, para perceberem que não é nada fácil...hahaha.
Eu estava a falar com o meu sogro quando ouvi dois zzzzz...zzzzz....muito subtis, o que me fez olhar para trás de imediato e ver ele a tentar comer uma das lulas. Como eu queria que ele atacasse a miriassanga, fui enrolando a linha que tinha a lula que ele estava atacar até passar ao lado da miriassanga. Isto com calma, pois se for rápido ele perde o interesse, e se for devagar, ele pode se picar no anzol e foge. Resultou, assim que ele viu a miriassanga, perdeu o interesse na lula e virou-se de boca aberta para tentar comer a miriassanga.
Eu larguei logo a cana da lula e agarrei na que tinha a miriassanga. Agora é que vem a parte mais complicada...hahaha..pelo menos para mim..hahaha. Sem conseguir visualizar nada, apenas sentir a isca e o predador. saber quando é que ele bate na miriassanga ou se a conseguiu agarrar com a boca. Para terem uma noção, se for com um carreto de tambor, o drag tem que estar todo aberto nesta altura e só seguro pelo nosso polegar. Assim que sentimos que a saída da linha não se trata de uns
ZZZZZZZ..ZZZZZZZZZ....mas sim de um ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ...é porque ele conseguiu agarrar a miriassanga na boca e vai à sua vida. A cana deve estar sempre na horizontal e nunca na vertical, o drag, esse tem que estar totalmente aberto, para que o peixe não sinta o mínimo de atrito a levar a isca, de outra forma cospe e lá se vai o peixe.
Agora é saber se ele ainda tem a miriassanga na boca ou se já a engoliu...hahaha...só pela saída de linha, mais nada. Como eu ainda sou verdinho nesta técnica, conto até 10 segundos e só depois é que vou fechando lentamente o drag do carreto até o ferrar, isto sempre com a cana na horizontal por causa do anzol circular. Ao contrário dos outros anzóis que nós ferramos o peixe com a cana na vertical, este, vai deslizando por dentro da boca do peixe até se cravar num dos lados da boca. Caso tentemos ferrar o peixe na vertical com o anzol circular, o normal é tirá-lo da boca do peixe.
Após a ferragem, dá para sentir logo, pois ele começa aos saltos a tentar soltar-se..hehehe..o que na maioria dos casos não consegue.
Depois de ferrado, passei a cana ao meu sogro e recolhi as outras, tratando apenas de guiar a embarcação e auxiliar o meu sogro...:-)
Com calma e paciência, agarrei nele e o colocámos a bordo da embarcação..:-)
Claro que a parte mais difícil desta pesca não é o combate, mas sim a ferragem. E como é óbvio, o objectivo não era o meu sogro ter o trabalho de ferrar, mas sim o prazer e o divertimento de pescar o peixe, e de o ver aos saltos..:-)
Um grande abraço para todos e até breve amigos..:-)
Luís Malabar