Os nossos amigos

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

( Trolling) Corvinas no Tejo... Trolling on the line!

Boas,

Um fim de semana de loucos, deu-me a necessidade de ir ao mar... Precisava da minha outra parte, necessitava de equilíbrio e de garantir forças para a semana que estava a chegar...

Numa azáfama, só olhava para o relógio e só pensava em como ia pescar se não tinha tempo?
O Palma tinha ido de madrugada para o mar, em busca delas... Não o pude acompanhar, e já faz parte de uma rotina psicológica da minha parte poder acompanhá-lo nem que seja de vez em quando... Sinto-me bem a pescar ao lado de um amigo, tal como muitos de vós são e sabem disso. Alguns infelizmente vejo pouco, mas acreditem que penso...



Felizmente quando liguei ele disse que me vinha buscar a hora que eu estivesse disponível, o que não seria nada cedo... E ele farto de andar no mar e num dia difícil, imagino...

Sabem quer vos falo muito do feeling, de algo que para mim representa uma sensação positiva que vive dentro de nós num espaço de momento.
A esmagadora maioria, não gosta de pescar com águas grandes às corvinas... Eu gosto. E acho que estão enganados, não na quantidade de capturas, mas muitas vezes no tamanho delas.
Sei que as corvinas são mais molengonas do que os robalos, e que o trolling de embarcação raramente permite pescar lento, mas fomos feitos para pensar, e por vezes há que tentar juntar à sorte que esta pesca acarreta, um pouco de atrevimento!

Talvez por isso o feeling seja apenas isso. É um atrevimento da alma, um acreditar em qualquer coisa, nem que seja em algo que tu queiras muito que aconteça. Imaginam as vezes que olho para a cana e grito " Dispara, dispara dragggggggggg" O Palma farta-se de rir... E sinto muitas vezes o sangue a correr a uma velocidade anormal! É como se tudo se movesse de outra forma... E como se tudo o que existe em ti, de alguma forma soubesse que naquele momento algo se vai dar...

Cheguei já tade ao pá do Palma, que me veio buscar... Montei a cana, e fomos até ao spot... Ao chegar vi tantoooooooooo limo com a maré a encher que pensei... " Missão muito difícil"...
Para todos perceberem, se a quantidade de limo ao encher é muita, ao vazar triplica... Mesmo que exista peixe, como vais pescar, se a linha vai estar sempre com muito limo e a amostra não vai trabalhar? Acreditem que só o feeling que sentia fruto de alguma frustração da semana anterior gradeira, e de uma semana dura de trabalho, me fez continuar a acreditar...

Meia dúzia de tentativas e a vontade de um café chamou por nós... E fomos como sempre beber um belo dum café ao nosso ponto mítico!
Regressei cheio de ganas... E julgo ter posto 4 amostras distintas que me deram até hoje muito peixe... 2 yo-zuri, e 2 Rapalas, mas volta após volta... Era ver a cara... E o sangue fervia...

Fervia porque sabia que ia apanhar... Ou acreditava que sim... Algo do género!
Olhava para a mala das amostras e só me apetecia esganá-las... Mas o que eu fazia mal??? A sonda marcava peixe, estava a fazer bem os caminhos, a escolher os cantos certos... Mas porque razão o peixe não atacava?

Não estou totalmente de acordo de que uma amostra tem que ser grande para se apanhar corvinas, o motivo porque elas devem grandes, é outro. Acreditem que é... O tamanho pode influenciar como pode não o fazer. Agora onde elas passam, e a forma como podem trabalhar, isso sim, pode fazer a diferença.

E mais, numa água escura, onde a visibilidade é quase sempre igual a um palmo... elas nem sempre anchergam o que vem lá... Quantos de vós já as capturaram de lado, ou por baixo da boca? É que nem sempre é para comer, e muitas vezes mesmo que o queiram fazer, não dão com a amostra a termpo... Aqui o vinil ganha alguns pontos... Pode trabalhar à rola, e pode mais facilmente ser animado no fundo, fazendo um rastreio deste.

Por sua vez a amostra tem a vantagem de ter um ratling muito mais forte e pronunciado, assim como nos protege mais o corpo. Também pode ser animado a velocidades que um vinil não pode e onde normalmente não produz os mesmos efeitos.

Voltemos ao dia... Uma das sensações que tinha era que não estava a pescar bem! A maré tinha muita corrente, estava com uma sensação que a minha forma de pescar não estava correcta... Agora, digam se não é feeling... Eu pesco quase sempre como estava a fazer e na esmagadora maioria dos dias com sucesso. Mas naquele dia não... E a cabeça é feita para pensar e para arranjar soluções ou entender o porquê...

Tornei a olhar para a bolsa das amostras e a pensar... nem uma vez ainda tinha sentido o fundo... Embora eu soubesse que estava a pescar a menos de um metro dele... A sonda marcava bastante peixe... E se estivesse a fazer tudo mal? E se eles não vissem a amostra? Ou não tivessem tempo de a atacar...

"Palma, para isso para trocar de amostra... E reduz o que der a velocidade"... E meti uma T-REX... A Fire-Tiger, uma amostra que me deu algumas corvinas de bom porte o ano passado...
E assim que a meti senti o fundo, e senti também que tinha que ter a cana na mão, novamente como numa pescaria memorável que fiz o ano passado...

Cana na mão... Amostra pum pum pum e catrapum... E de repente levo um puxão... E novamente a dúvida... a conversa de sempre... Foi o fundo, não foi o fundo... Eu sabia que não tinha sido. Era diferente... Não consigo explicar algo que só sentindo se pode entender... Acreditem que é diferente, o pixão é outro, não é tão seco, é como se o fundo fosse Multifilamento( sem memória) e o toque de peixe fosse como um Monofilamento( tem memória e sente-se uma continuidade da pancada, sendo uma mistura de pancada/puxão)... E não ficou que é o que interessa... Mas despertei... Fiquei a olhar para a cana, os olhos fixaram-na por momentos num misto de desespero e crença... E virei a cara... para trás... E nisto o meu braço leva uma pancada forte... e de seguida a continuidade que eu tanto procurava e acreditei durante aquelas horas... Como se fosse programado, dei-lhe a ferragem, tal qual falava sempre com o Luís Malabar... " Quando sentires algo, seja lá o que for, a pescar ás corvinas, nem que seja uma pequena suspeita, um ligeiro toque, faz sempre a ferragem, sempre... Às vezes são elas..." E o meu carreto disparou ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ, agora estava nas " sete quintas", estava onde eu gosto... na frente do golo a fazer aquilo que eu sei que sou seguro e que não costumo vacilar, seja lá qual for o peso do peixe...

Sonho com o dia em que me tornem a tremer as pernas, tal qual os primeiros grandes peixes que apanhei, ainda em adolescente... Sabem que por vezes sinto essa saudade... O sangue ainda ferve, claro que vivo o momento loucamente, e que um bom peixe me faz subir o ritmo cardíaco, mas a sensação de não saber o que fazer é mítica e única. É o momento em que o pescador enfrenta algo que ainda não sabe domar, é o momento em que vai marcar o penálti decisivo da final do campeonato do mundo, ou da champions... E ali com a baliza a ficar pequena, tem que se superar, tem que suster o medo... Sinto mesmo essa saudade!

De cana na mão, com um peixe destes ferrado, a adrenalina é brutal. Adoro sentir estes peixes, que me fazem acordar, e dou tantas vezes por mim somente a sorrir enquanto olho para o drag a soltar metros...

Esta primeira corvina fez-me muitos arranques, quase sempre a levar aos 20 metros de cada vez... Levava e parava. Eu quando a sentia parar... Dava um toque de ponteira como se fosse levantar a cana e ela, arrancava de novo, bruta, alternando as corridas com cabeçadas vigorosas...

Deixo sempre a mesma ideia para os que fazem esta pesca e não têm ainda experiência... Não se traz um peixe grande até perto de nós ainda com gana, nem se tenta... Isso só em último caso, numa zona de muitas rochas, mas para isso, temos que pescar diferente, mais grosso, para poder travar um peixe grande... Deixem na ir, o drag trabalha, a cana sempre vergada e a linha em tensão.

O peixe, dure cinco ou cinquenta minutos, vai se cansar... Perto do barco, ou da margem, com energia é meio caminho para se perder o troféu do dia... E normalmente troféus não aparecem todos os dias...

Outra forma de perceberem a forma como está ferrado é a forma como se comporta na luta...
Peixe ferrado com a amostra na garganta, ou até um anzol, dá corridas grandes, mas não gosta de dar grandes cabeçadas, devido a isso provocar oscilações na garganta o que lhes provoca dor.

Normalmente estes peixes lutam menos, e são mais fáceis de apanhar...

Por isso percebi logo que a minha menina não tinha a amostra no interior da boca e isso fez-me deixar o drag trabalhar ainda mais... Não sabia se as fateixas estavam bem ferradas e qualquer erro pode significar a perca do peixe. Por isso devemos senti lo e tentar deixar que este nos dê indicações.

Esta corvina, dizia-me para deixar andar... para não forçar, e que tinha que a cansar bem, antes de a trazer junto a mim.

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ atrás de ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ ia deixando o peixe me entreter... E sabe tão bem! O Palma foi rodando o barco como ia sendo necessário, e fui trazendo o peixe até mim calmamente. Já próximo viu-se os tons rosados... Lindo... Boa corvina. Já deu pica, já deu para sentir o sangue a ferver... E o feeling na amostra deu certo... Mesmo eu achando que nada tem a ver com o tamanho, mas sim com o facto de ter chegado onde outras não chegavam... E ao super ratling que estas amostras têm.

Foi óptimo ver o peixe já no chalavar, no MEGA xalavar que o Palma tem. Acho que cabe lá um crocodilo.

Claro que animámos... Claro que sim... A sonda continuava a marcar peixe... e mesmo já sendo umas 5 horas e a pesca ser para terminar lá para as 6/7 horas, ficámos com sensação de mais...

Eu insisti numas passagens na mesma amostra, o Palma rodou algumas, as que costumam facturar, mas sem qualquer efeito...

Fui mantendo a cana na mão... E a cada passagem dava toques de ponteira... Nada!

O Palma estava a ficar cansado do volante e trocámos... Não estava nos dias em que me apetecia conduzir, mas ele insistiu...

Mesmo sabendo onde o peixe estava a marcar, procurei passar noutro spot em que tenho mais fé, mas nem sinal de actividade mínima... O peixe estava noutro spot. E fui tentando perceber de que forma podia trabalhar as amostras, numa corrente bruta, sem perder o trabalhar perfeito que se procura neste tipo de pesca.

Contra a corrente a velocidade baixa pode ser utilizada mais facilmente. Mas a favor se formos muito devagar ao trolling, muitas vezes não se sente a amostra nem o trabalhar dela, e isso é sinal de perca de tempo. Há que ir lentamente procurando encontrar a velocidade certa...

Consegui perceber qual era a velocidade que a corrente pedia contra... A favor tive muitas dificuldades. E para piorar isso, em cada passagem pelo menos um dos dois, apanhava limo e perdia a chance de facturar...

Durante uns minutos troquei de amostra, para ver se a minha matadora fazia algum peixe... Mas voltei a sentir o mesmo. Tive a perfeita noção de que não era o dia dela, e que não ia apanhar nada assim...

E torno a mesma amostra... E baixo a velocidade ao mínimo dos mínimos... E cana na mão... e na mesma zona ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ, um arranque ainda maior, com muito mais força, e disse logo ao Palma...
Esta é maior... Ali num ápice voaram uns 60/70 metros de linha e eu somente a observar, sem sequer me mexer... Fiquei impávido a olhar para o carreto, e a aproveitar o momento. Afinal de contas este é o momento por que tanto esperamos...

Quando parou comecei a rebocar... Mas não dava. O peixe alapou ao fundo e sempre que tentava levantá-lo ele arrancava, embora em raides mais curtos, de 10 metros em 10 metros.

Fui sempre calmo, não me tremeram as pernas, lol, mas diverti-me tanto... Foi bom ver o peixe a correr, o drag a disparar metros e entre estes momentos fomos falando e rindo... É que para nós isto acaba por ser algo natural... Uns dias melhores outros piores mas, se a procura é esta, é natural que as capturas vão aparecendo de uma forma natural.

Uns 15/20 minutos depois lá vi o peixe, o tal rosa ao cimo de água... Lindo... Uma grande corvina, que ainda me levou mais uns valentes metros em 2 arrancadas, mas que acabou por sucumbir e vir ao cimo de água... Como estava longe do xalavar, fui sentido o pulso a ela, rodei a cana, e com a linha sempre tensa, trouxe-a até à boca do xalavar, e o Palma.... Gooooloooooooooooooooooooooo.

Estava feito!

Claro que não fomos embora, e tentámos dar mais 2 ou 3 passagens na zona, mas não foi possível dar com mais nada...

Com a maré já muito forte, e o limo a montes, demos por terminada a jornada. O que parecia ser um dia em que viríamos de mãos a abanar, foi sim um grande dia de pesca... Fenomenal.

Duas capturas deste calibre de peixe é sempre positivo... E estar com um amigo, quando tanto precisamos, para espairecer é ainda melhor...

Dois amigos, dois peixes! Um equipa... Sim porque equipa, é equipa... E amizades assim não têm preço, nem peixes que paguem.

Até breve, Lutem sempre... Acreditem.

As matulonas do dia













Material:
Canas: Shimano Biomaster SPIN; Shimano Beastmaster Kabura
Carretos: Shimano Biomaster HG 4000; Banax Mighty 2000
Linhas: Power pro 8 Slick; Sufix 832
Amostras: Tubertini T-REX; Rapala Deep TAIL; Yo-Zuri Crystal minnow


Filipepc e Ricardo Palma

5 comentários:

João Pinto - http://sheospinning.blogspot.com/ disse...

Por vossa culpa todos os dias perco meia hora de trabalho...

Estive aí no Tejo á cerca de um mês mas só saiu uma pequena que voltou para a água bem como 2 xarrocos :/

Não dá para escapar nada nestes relatos, continuação de boas pescas

Anónimo disse...

Não há palavras para ver os peixes que vocês apanham, e os relatos, a forma como explicam tudo ao pormenor. Parabéns, grande Team que tens Filipe. É um regalo vir todos os dias aos pescas ler o que publicam. Um dia ainda vou apanhar uns peixes assim. Abraço do teu amigo David.

Os Pescas disse...

Olá João, ficamos felizes que nos visites, é com muito gosto que tentamos partilhar qualquer coisita, sempre que podemos. Um grande abraço.

Os Pescas disse...

Olá David, a ver se conseguimos nas minhas férias ir finalmente à pesca. Acredita que apanhar uma ou outra corvina das boas é possível mesmo para um pescador pouco experiente. Um abraço.

Os Pescas disse...



Grande Dupla de amigos que eu tenho..:-)
Os meus parabéns aos dois por mais uma grande pescaria, que apesar de ser sofrida, valeu apena, pois a companhia de um amigo vale tudo..:-)

Um grande abraço

Luís Malabar