Boas Pessoal....
Tudo começou no dia anterior.....quando andava a visitar uns pontos e a tentar dar com alguns peixes. Mas pelos vistos eles não queriam comer, tirando este menino que tem como nome por estas bandas ( Peixe burro ), que parece o nosso pargo mulato. Ele atacou o jig aos 97 metros quando intervalava entre slow pitch e long fall...:-)
No dia seguinte......
Em conversa com um conhecido meu sobre jigging e sobre as diversas e novas técnicas que envolve esta modalidade. Acabámos no final por falar também de pontos de pesca...onde para a maioria dos mortais a cota de jigging não ultrapassa os 115 metros!!!....Humm!!!
Foi então que eu lhe perguntei se ele tinha algum ponto de Pedra na cota dos 200 metros para baixo!!...ao que ele me respondeu :
Ó Luis!!!....eu tenho um ponto que fica aos 244 metros....mas nunca me passou pela cabeça largar um jig a essa profundidade!!!!...
A verdade é que ele tinha o ponto já à muito tempo e pelo o que eu percebi, nunca teve coragem de pescar ao fundo lá, e muito menos largar um jig aquela profundidade..
Ao que eu lhe respondi : Então faz-me um favor...dá-me o ponto que eu vou lá servir de cobaia...e depois digo-te como é que correu!!
E ele respondeu-me assim : É na boa.... mas tu és é maluco da cabeça para pescar a essa profundidade!!!...dasss!!!
Assim foi, registei no GPS o ponto e esperei uma maré especifica de manhã para ir lá. Entretanto preparei o material e na esperança que o OJ tivesse linha suficiente para chegar ao fundo...hahaha...isto para não falar na sonda!!!....outra incógnita...hahaha.
Até podem pensar que só posso ser maluco para fazer jigging a essa profundidade...hahaha....mas eu passo a explicar o porquê..:-)
Segundo a minha experiência a navegar por este mar e depois de observar tudo o que se passa à minha volta. Em primeiro lugar,cheguei a uma conclusão. Que os arrastões aqui, ao contrário do que muita gente pensa, não largam a rede sobre os fundos de pedra, coral ou quando descobrem fissuras muito acentuadas no fundo do mar. A razão pela qual é que danifica as redes e o que eles querem não se encontra sobre esses fundos.
Em segundo lugar, eles arrastam da cota dos 800 metros para mais. Deixando a cota pretendida para mim entre os 150 e os 300 metros.
Em terceiro lugar, nunca vi nenhuma chata profissional a pescar ao fundo, que ultrapassa-se a cota dos 120 metros!!...pois como sabem, aqui eles pescam com linha de 1.20 ou de 1.40 e à mão!!...para eles não existem carretos, nem canas, O peixe é ferrado e puxado à mão com a força dos braços..é de louvar, sem sombra de duvida.
Dai eu pensar que a cota dos 150 aos 300 metros ainda está por explorar ao jigging....mas só em slow pitch a meu ver.
Claro que uma coisa é ferrar um peixe a essa profundidade, outra coisa é conseguir trazer o peixe até à superfície...:-)
O meu interesse nesta cota, vocês devem imaginar.....os grandes Chernes!!....mas nunca descurando todas as espécies que vivem em plena escuridão...onde uma luz por mais ténue que seja, faz toda a diferença no abismo..
Posso dizer que o cherne, até é das espécies mais burras no que toca a comer. Se o jig tocar no fundo perto dele, quando vamos a levantar o jig, já ele o tem na boca....mas não quer dizer que esteja ferrado. Muitas vezes acontece ele começar a subir e quando ele acha que se está afastar do fundo, cospe o jig sem que se ferre nos assists hooks. Isto acontece muito quando, usamos os jigs alongados com o peso na cauda ou perto dela, nos dias onde as nossas presas principais são os pelágicos e não contamos com os chernes.
Ele não se ferra porque, ataca primeiro a cauda, onde os anzóis colocados perto da cabeça para os pelágicos não chegam. Como a cauda é a primeira a tocar no fundo e só depois a cabeça do jig, ele ataca a cauda. Pois para ele a cauda é a cabeça e não o contrário...para ele a cauda do nosso jig, é a cabeça do peixe que se tenta esconder no lodo, cascalho ou na pedra.
Pensem num vinil quando toca no fundo....a primeira coisa que toca é onde está o peso. No caso do vinil é a cabeça, mas na dos diversos jigs para speed jigging.....é a cauda.
O meu conselho, é deixar de lado os jigs indicados para os pelágicos e usar os que foram criados para slow pitch / long fall, e assim que detectarem que existe um cherne por baixo, troquem de jig e de técnica e façam de novo a deriva sobre a mesma zona caso a corrente seja favorável ou então fundeando. Não se preocupem, pois ele não sai do mesmo sitio...é territorial e quer é comer.
Equipados se possível com dois assists na cabeça do jig e dois na cauda, onde a maioria dos ataques se sucede. Claro que o uso dos assists na cauda do jig vai sempre depender do fundo.
Caso o fundo não permita o uso dos dois assists na cauda do jig por causa das prisões e perda do mesmo durante a deriva. Aconselho então, a colocarem dois assists na cabeça do jig, mas a distancia dos mesmos devem passar um pouco do meio do corpo, para aumentar a eficácia na altura da ferragem.
Desta forma, diminuímos a possibilidade em cinquenta porcento do jig prender e aumentamos a probabilidade na ferragem.
Este conselho que dei, é para as derivas apenas nas marés de baixa amplitude. Para se poder usar os assist hooks duplos na cauda do jig sobre um fundo de pedra, é fundamental fundear, diminuindo e muito a prisão dos jigs, além do trabalhar do jig, que tem que ser feito sempre na vertical para que a sua essência nunca fique em causa.
Caso a corrente permita, e o intuito seja, apenas e só, encontrar algum cherne ou outro peixe de fundo. É possível não fundear, mas para isso são necessárias duas pessoas, em que uma se sacrifica em prol da outra que pesca. O trabalho de quem não pesca é manter apenas o jig e a linha do companheiro na vertical, compensando a corrente ou o vento com os motores à ré.
Bem,,,,voltando à pesca...antes que vocês se aborreçam e adormeçam...hahaha
Tinha chegado a manhã e eu já estava a caminho do ponto que ficava a 15 milhas do porto...:-)
No dia anterior eu já tinha feito os assists duplos e preparado 3 jigs, um com 270 gramas, outro com 300 gramas e por fim um de 400 gramas. Dois modelos diferentes pintados por mim, ambos bem luminosos.
Assim que cheguei liguei a sonda, mas só passado alguns segundos é que ela marca o fundo e realmente eram 244 metros!!..mas logo de seguida desaparece a profundidade....Já estava à espera, pensei para mim mesmo...Hum!!!
Resolvi fazer uns ajustes na sonda e consegui recuperar ao menos a profundidade. consegui perceber que numa questão de metros, passava dos 244 para os 253!!!...e de seguida para os 239!!....mas ler o fundo é que estava de chuva.....os seus 50hrz e a falta de Watts não permitia perceber nada!!!
Só faltava ver se a linha que o OJ tinha, se chegava para o jig tocar no fundo...
Como praticamente não havia vento, e a corrente era menos de um knot, resolvi não fundear e começar pelo jig intermédio, o de 300 gramas...A linha essa, a minha preferida mas de 50lb. Claro que quanto mais fina melhor e se pudesse usava, mas isto não é o nosso país, onde já não acreditamos em milagres da natureza no fundo do mar..:-)...Mas sim África, onde um cherne com 40 ou 60 quilos pode aparecer facilmente!!!...
Larguei o jig e foi uma longa espera.....e sempre na expectativa até que quando tranquei o carreto, já só tinha uns 7 metros de linha na bobine e não tinha chegado ao fundo!!!!....drag fechado...pois em caso de algum ataque, não ia poder ceder metros. Logo no inicio, quando o peixe está com toda a sua força....
Bem, seja o que deus quiser...hehehe....A técnica essa, iria intervalar entre slow pitch de meia volta e long fall para começar. Mesmo quase sem corrente, aproveitava sempre o long fall para rectificar a posição ao máximo, mas sempre a sentir a queda do jig, altura essa propicia aos ataques dos predadores.
A técnica de slow pitch e long fall torna-se imprescindível a estas profundidades, pois ela permite pescarmos com pesos superiores sem nenhum esforço. Mas mais importante, é o movimento que se imprime nos jigs e o seu trabalhar, condiz com as presas a estas profundidades, onde não existe luz e a água é muito mais fria....onde as presas quase não nadam, tal como as lulas....movimentos subtis...
Assim que o jig começa a trabalhar, sinto um ataque violento no jig e ferro sem problemas...a não ser a falta de linha...hahaha...mas com calma consegui aguentar a investida para o fundo e começar a recuperar metros....nesta altura é fundamental não ter pressas de ver o peixe porque senão ninguém aguenta muito tempo e a pesca acaba rápido. Apontei a cana para baixo na direcção do peixe e fui só recuperando calmamente e acertando o drag.
Passado um bom tempo e depois de tantos metros a puxar o peixe sem ele morrer da descompressão, vejo uma espécie que nunca tinha visto...escuro, olhos grandes, típico dos peixes da fundura e que ao segurar nele, além de algumas carraças do mar, também vejo e sinto nas mãos, uma película muito fina que mais parecia langonha e que cobria o peixe todo!!!....que peixe estranho....pensei eu para comigo!!...Será que é bom para comer???....Geralmente todo o peixe da fundura é uma delicia, talvez este não seja diferente!!!....quando chegar ao porto logo vejo se é bom ou mau para comer...hahaha.
Por em cima de tudo não era a espécie que interessava, mas sim, que tinha resultado apesar de não ter linha suficiente para chegar ao fundo. Ainda tentei o jig de 400 gramas, mas a verdade é que não tinha mesmo linha suficiente na bobine.
Primeira descida, um peixe...hehehe
Segunda descida, outro peixe...hehehe
terceira descida, outro peixe....hahaha...cai mesmo em cima do cardume....e a verdade é que estes peixes lutam e bem para o tamanho que têm...e como é que não morrem da descompressão!!..
Pelas minhas contas, eu devia ter o jig a 10 metros do fundo, sensivelmente...
Quarta descida, mais um...hehehe
E por fim tirei o quinto, todos de rajada...:-)
De seguida, achei melhor voltar para o porto, pois se eu não sabia se eram bons ou não, não valia apena apanhar mais peixes....aqueles chegavam e pesaram 30 quilos os 5...só faltava saber se eram bons...hahaha
Rumei ao porto e assim que lá cheguei, além de descobrir o nome do peixe ( LIRO ) também percebi que mais parecia que estavam a olhar para barras de ouro...hahaha...foi ai que descobri que é dos melhores peixes que se pode comer....carne branquinha e muito deliciosa segundo eles.
Ficaram tão malucos com os peixes, que no dia a seguir até ficaram à espera que eu chegasse ao porto para ver se eu trazia mais...hahahaha.
Para terminar, fiquei a saber que pelos vistos ninguém sabia que estes peixes atacavam os jigs e além do mais, pelos vistos esta malta só come este peixe, caso algum arrastão dê com eles nas zonas ainda mais fundas....mas a partir de agora.....ou os arrastões....ou eu..:-)
Quando voltar de Portugal em Dezembro a historia vai ser outra....uma sonda a sério e com a certeza, que vou ter muitas historias doidas para vos contar..:-)
Pelos vistos a minha loucura se transformou em lucidez para alguns...:-)
Um grande abraço e até breve
Luís Malabar
17 comentários:
viva! cá por sesimbra chamamos de pampo ou ranhoso, é um peixe bastante apreciado, comercializava-se bastante quando os barcos de sesimbra andavam por marrocos/mauritania... tambem nao sabia que atacavam os jig´s!
Grande relato!
Já tinhamos falado sobre isso mas o relato está bem escrito e com emoção! ;)
A sonda já te disse! Furuno para cima! ...neste caso, para baixo! ;)
Boas Pedro. Eu em Portugal nunca tinha visto este peixe. Mas drixa estar que aqui também ninguém sabia que eles atacavam os jigs.
Grande abraço
Luís Malabar
Comé grande Malakyas :-) Obrigado amigo e pelos vistos vou ficar pela garmin. Por causa do combinado sonar e gps. Além do mais tenho um amigo meu que me arranja os mapas todos à borla..hehehe.
Grande abraço mano
Luís Malabar
Isso é mas é uma boga das grandes :D
Sempre a aprender , parabens pela atitude QQ
Também querias bogas destas guloso..hahaha
Grande abraço amigo
Luís Malabar
Boas Carlos. Se te ajudou em alguma coisa, fico feliz por isso :-)
Grande abraço
Luís Malabar
Belo relato, dá gosto ler.Os peixes são feios, tal e qual o "pai" ahahah.
Abraço meu amigo.
Olá Luís,
Excelente o teu raciocino e logo com muito sucesso na primeira faina! Parabéns pelo relato.
Forte abraço.
Boas grande Malabar,
ora ai está mais uma aprendizagem, inovar e não se ficar pelo que sabemos é de mestre, grande lição para essa malta.
Agora é carregar neles e colocar mais fio no carreto para dar com os esperados chernes.
Grande abraço de portugal e boas fainas.
Boas Luís,
Sempre a inovar!!! É de louvar essa atitude!
Quem não arrisca não petisca e neste caso esse ponto vai ser uma Red Zone... :)
Bem agora com mais uns upgrades... Não sei que mais possa vir... Mas grande e bom é com certeza!!!
Forte Abraço e aperta com eles
Obrigado Filipe e sim são bem feios tirando as parecenças. .hahaha...seu gradeiro..hehehe
Grande abraço amigo
Luís Malabar
Boas José :-) Obrigado amigo e vamos ver como é que vai correr..hehehe
Grande abraço
Luís Malabar
Grande Pedro :-) Obrigado amigo e realmente temos que ir sempre inovando e puxando pela cabeça em busca do peixe. .hehehe..vamos ver como é que vai correr :-)
Grande abraço amigo
Luís Malabar
Comé grande Manuel :-) Obrigado amigo e depois de eu acertar algumas coisas vamos ver como vai correr..hehehe. .já lá foram depois de mim e nem um tiraram :-)
Grande abraço amigo
Luís Malabar
Viva Luís,
Quer dizer que andas numa de fanecas gigantes, ahahahahaha
Qualquer dia chamam-te o arrastão ai em Angola:)
Lindos peixes amigo...
Parabéns por mais uma história para alegrar os nossos dias aqui em Portugal, lol
Força ai e dá-lhe nas fanecas liros, :)grande abraço
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