Os nossos amigos

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Do 8 ao 80 a sina do bom Português!

Começo este relato por onde? É que desta não faço ideia... Deixem lá ver o que sai...

A pesca realmente engloba muitas e distintas sensações. É incrível as vezes em que a ténue linha que nos separa da fé para a desilusão ou vá lá, descrença num dia de pesca, nos transporta para o lado oposto daquele em que estamos.

Como se está mal e de repente se fica bem? Olhem...
Talvez fatigados, porque as pescas também cansam e saturam, julgo que temos andado menos dinâmicos e isso viu-se durante os dias que antecederam esta pesca.
Mas de repente: " Epa o Windguru dá um granda dia para meio da semana, bora lá?" e olhos brilham, a emoção transborda, entra-se na loja de pesca logo à procura de mais alguma amostra ou daquele anzol ou linha XPTO. E por entre aquela alegria um diz sempre " Vamos apanhar 30 robalos, 20 douradas, 10 corvinas", aquilo é pesca entendem? Vive-se. E só de olhar nos olhos qualquer um entende isso.

No dia antes, de tudo fizemos, mesmo com as casas de pesca e os nossos contactos algo "secos" de iscos, para garantir tudo o que necessitávamos. Choco fresco, ganso, casulo, caranguejo rijo, mole e de dois cascos. Nada podia faltar. E claro as nossas amostras que se virmos bem acabam por ser iscos também.

Canas montadas, montagens prontas, estralhos feitos à medida para cada tipo de pesca, tudo é sempre preparado, bem quase sempre, lol, por vezes não temos tempo.

No dia da pesca, com tudo pronto a emoção mais uma vez não nos deixou dormir... Isso obviamente paga-se caro como mais à frente vão entender... Já dizia o Variações " quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga". E pagou...

Como sempre antes de entrarmos no mar, fomos ao café, desta em outro spot aqui na zona...
Chegados ao mar, a noite, estava espectacular, o mar, mal mexia... Ainda de noite com o dia a querer clarear começou-se aos robalos, tentando por aqui, lol, encontrar alimento... As tainhas fizeram-nos companhia e pelo percurso todo, saltavam e faziam-se notar ao cima de água... Mas quando elas ficam excitadas, e de repente desaparecem de onde estão... Hmmm... Amostras para a água JÁ!
E assim foi, e mais uma vez as pequenas e frágeis Yo Zuri Cristal Minnow deep diver, começaram a dar cartas nos robalos que andam pela zona nesta altura, que são aqueles robalos das 600 ao quilo e pouco. Não passa muito disso.
Durante uma hora apanhámos uns 8/10.



Por entre voltas e mais voltas, em cada lançamento, o sonho comanda os vôos dos plásticos malvados... E eles lá dentro, vão fazendo o trabalho deles. Limpinho. Motivação em altas. Brutal. Já se ia apanhar mais 30 douradas, já não eram 20, lol.

O dia já tinha nascido, quando eu e o Palma decidimos ir para as Douradas... Mas aqui não correu como esperávamos e o 1º local fundeado deviam andar lá peixes carteiristas. Cada lançamento vinha tudo ratado e nem sinal de nada... X-files! Lá ficámos todos tristes, desanimados, mesmo já tendo no saco uns 10 robalos. Ai estes pescadores...

Toca de mudar de sítio... E começamos logo a sentir toques algo matreiros e entre um mini charroco, do tamanho de uma chumbada de 80 gramas, e um alcorraz, o pargo do Tejo, lol, o Palma saca uma dourada de 400 gramas, bem gordinha com um caranguejo de 2 cascos e epa ficámos todos motivados...
Já iamos dizimar famílias de douradas...
Mas ele porque tinha lançado para trás, disse que era mais para baixo e toca de dar cabo, e dar cabo, e dar cabo, e eu a julgar que parava em Vila Franca... E mais cabo, e lá se fundeou... Mas erro! A intenção era boa, mas fizemos bodega e... Saímos do local e deixou de se ter actividade... E nisto levanta o vento... E fica um frio de rachar, e nós de t-shirt, porque os dias estavam muito quentes e o Windguru dava vento de 5 nós... E grande desanimo...
Como não picava nada, toca de levantar ferro, e rumar a outro pesqueiro que tínhamos marcado num dia destes só porque avistávamos algo que achámos muito interessante...
E fundeámos... E sem pica nenhuma lá começámos a lançar cada qual para seu lado, já o sol ia alto, já a maré estava na praia-mar...
E começo a ter toques... E o Palma idem aspas... E de repente, assim, tipo carro de F1 saca 3 tamboris do Tejo, eh eh eh. E lá começou ele a comungar e a dizer que não dava e o sitio não prestava... Por acaso disse-lhe que era bom sinal, que a presença naquela local desses peixes era muito bom... Feeling ou algo do género, mas a realidade é que isso significava uma coisa, muito importante que se veio a verificar...
Mas a realidade é que eu estava cansado, ele estava cansadíssimo, e como a pesca só dava peixe que não procurávamos, resolvi fazer uma pausa... E usar o suco milagroso, aquele que funciona sempre, estão a ver?

E bebi cada golo com um gosto enorme estava fresquinha e soube mesmo bem... Estava na altura de lançar as canas e isquei o anzol de baixo com um ganso e um casulo e o de cima com um caranguejo mole. E lancei lá para os lados do Palma que estava a sentir peixe e eu nada... Pousei a cana onde tanto gosto, por entre a bancada do isco e sentei-me na arca a olhar... E tica tica... "Olha, um minorquita a mamar-me o isco"... e de seguida toca toca " O minorca está com fome, já bate mais", e de seguida numa fracção de segundo " Trumba trumbaaaaaaa" e agarro na cana para o ferrar, e assim que a levanto ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ... O arranque que eu procurava, o peixe grande que ansiava... e o peixe correu, correu, sempre numa velocidade certa, sem grandes oscilações, e disse logo ao Palma que era um bom peixe... Ele ainda sem perceber bem a cena, olhava para mim, e tornei a repetir que aquele era um peixe grande, mas fiquei confuso por momentos... Estávamos a 4 metros e tal, numa zona não muito funda... Não era zona de corvinas, mas a linha corria e corria e lateralmente. Robalo? Podia ser, mas achei forte demais... Que outro peixe podia ser? O Palma dizia que podia ser uma boa dourada, que por estar em baixas profundidades e não poder fazer o que tanto gosta, com aquelas cabeçadas vigorosas e sucessivas, resolveu correr, e mesmo sem ter qualquer certeza mais entusiasmado fiquei. Como sempre faço, desde que sinta que posso, deixei o peixe andar, controlado é verdade, mas deixei cansar... Mas por entre aquela corrida não é que o peixe se engata em algum sitio e sinto a linha presa. Porra! E agora? Tentei devagar soltar e nada, e disse ao Palma que ia perder o peixe. Mas é aqui que ele merece todo o mérito. Este peixe é dele! Ele pede-me calma, , retira todas as canas da água, e pede-me para aguentar, só perguntava se eu sentia o peixe. E eu sempre que esticava sentia o peixe entre a prisão... E ele soltou o ferro deixando-o com uma boia, e foi-me guiando ao peixe, e lá deu as voltas que necessitei para soltar a montagem e assim que solto sinto-o. Estava lá... E aí, já com ele muito cansado estava na altura de fazer o meu trabalho bem feito, e com calma, e sempre de drag bem regulado para o peixe que era e para o 0,33mm que estava a usar fui trazendo o peixe até o ver como tanto eu gosto, e assim que ele se deixa ver, aquele amarelo, aquela risca que lhe percorre toda a parte superior inundou os olhos a ambos. Que dourada selvagem tão bonita, acreditem que vê-la assim a navegar, e esta tinha mesmo uma rica muitoooo acentuada, deixou-me muito feliz... Ele como sempre tem feito, impecável a pôr o peixe no xalavar. Boa Burra, mais uma para o meu livro, mais uma para recordar.


Vale a pena dizer que a motivação subiu a pontos altíssimos. Qual sono? Qual cansaço? Canas iscadas generosamente rapidamente dentro de água.



Talvez fruto do local onde estávamos ser propício ao aparecimento de peixes da embarcada, começaram a sair muitas safias, alcorrazes e até chopas. Ainda trouxe um belo montinho, do qual não tirei fotos. Mas talvez fossem ainda uns 30. Foi porreiro. Pena que nem mais uma dourada nos tocou. As canas assim que caiam dentro de água começavam logo a bater e mais valia era lançar para outro lado pois ali era iscos atrás de isco e embora estivesse a dar peixe palmeirudo, estavamos fixados nas douradas... Sem elas naquela hora nada nos satisfazia.

Tocou o sino, a hora de almoço tinha chegado e o Palma com vontade de dar por finda a pesca... Eu ainda insisti mais um pouco, mas o peixe era mais do que suficiente e resolvi parar e ir para casa...

Onde, a burra foi fazer uma grande assada, estava maravilhosa! Hmmmm...




É que do 8 ao 80 costuma ser a sina do bom ( pescador) Português, e connosco não foi diferente.

Material:
Canas: 
Carretos: Shimano Stella SW 8000 PG; Banax GTW (3); Banax Poseiden 5600
Estralhos: Asso ultra soft; Climax Fluorocarbono; Asso Fluoro Casting
Anzóis: Gamakatsu; Asari flatted chinu; Awa-shima Cutting Blade
Iscos: Ganso nacional; Casulo; Caranguejo 2 cascos; Caranguejo mole; Caranguejo rijo pequeno; Choco fresco.



Filipepc e Ricardo Palma, Ospescas.

6 comentários:

Pedro Franco disse...

Boas pessoal,
Mais um grande relato como sempre.
bonita dourada, pena andar só.
Abraços

Manuel Oliveira disse...

Belo relato, acerca da dourada, senti-me mesmo como estivesse lá a assistir a tudo. Valeu a calma dos dois para a sacarem para fora.

Agora esse spot vai ser sempre um a experimentar com certeza, mesmo com pouca água.

Abraço

Anónimo disse...

Bom peixe Filipe, dessa que venham mais. Parabéns. Abraço, Rogério.

Os Pescas disse...

Eu que o diga estava mesmo boa
a familia agradece
Abraços
Palma

Os Pescas disse...

Eu que o diga estava mesmo boa
a familia agradece
Abraços
Palma

Os Pescas disse...

Eu que o diga estava mesmo boa
a familia agradece
Abraços
Palma