O clic

Boas pessoal,

Mais uma aventura a bordo do Scookie, mais um excelente dia de pesca que passei. Bom tempo, e sempre bem disposto...

Os primeiros dias de chuva trouxeram alguns robalos e existia a ideia de que as douradas tinham já desaparecido da zona. Embora elas por vezes se ausentem aquando dos dias de chuva, normalmente aqui até Novembro algumas se mantém na zona e Outubro é sempre um mês de boas capturas. Mesmo pouco convencido o Palma lá aceitou ir a uma pescaria a elas.

A ideia era simples. Começávamos a corricar, depois iamos apanhar isco, e fazia-se a enchente ao fundo a ver se dávamos com os sargos e douradas.

Bem, a realidade, é que esta escolha é dura e obriga a uma logística bem delineada, além do espaçogasto  em material que somos obrigados a ter a bordo... Mas lá nos arranjamos.

Desta não fomos muito cedo, já entrámos na água com o sol a nascer, já passava das 7 horas. O tempo para se corricar era muito pouco pois o sol ia provavelmente lixar a nossa pesca, e nesta altura a sua força faz diferença pela negativa neste tipo de pesca.
Assim que metemos o barco na água fomos montando as canas de corrico, e cada um escolheu uma amostra.

Logo na primeira passagem, a cana do Palma com a sempre efectiva Rapala X-RAP Fire Tiger, ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ, estava aqui o primeiro momento de alegria do dia.
Com muita tranquilidade foi só parar o barco e começar a trazer o "menino" a bordo. Um robalo quileiro.
Rapidamente pusemos as amostras na água e voltámos ao ponto de partida. Mais uma voltinha... Mais outra voltinha, e mais outra ainda, mas nada...

Estava na altura de desistir e seguir pois tínhamos que ir apanhar Ganso para podermos continuar a pescar.

Chegados lá, começou o "baile" do costume, e a melga sempre a massacrar-me os neurónios: " Cava", " Estás cada vez pior", "Por isso é que estás mais gordo"... Com o calor e o cansaço estive quase a dar-lhe uma pazada... Ainda por cima o Ganso não colaborava... Já com a maré a subir lá conseguimos encontrar uma zona muito forte, e enchemos o baldinho. Devemos ter apanhado uns 200 e tal.

Com isco, era altura de passar à acção.

Escolhemos o local dos sargos para começar... A maré estava na 2ª hora da subida e a nossa moral em altas... Como sempre e mesmo sem por vezes o Palma entender o porquê, eu começo pelos iscos mais moles, e ele pelo caranguejo que tanto gosta de pescar. Por que razão devemos ambos, com 2 canas cada, sondar o local com os mesmos iscos? Não faz sentido. Mais vale cada um ir experimentando os iscos a ver se encontra o isco do dia...

Como é natural eu comecei a malhar nos peixes dos diversos e ele népias... Os sargos não apareciam, e eu já me estava a chatear de limpar o pesqueiro pois os alcorrazes e safias não me deixavam a cana nem um segundo... Resolvi pôr ao menos uma cana com caranguejo e a outra com as minhocas diversas que trazia.

O Palma entretanto tira um sargo palmeirudo...

Continuei na mesma onda, mas o caranguejo vinha intacto, e o ganso nem um minuto se aguentava... Assim não dava para capturar nenhuma dourada... Bem resolvi proteger um pouco o ganso e apostar numa caixa de Coreana que tinha. Logo no 1º lançamento... Um peixe lindíssimo. Um ruivo que foi filmado, mas parece que o Palma perdeu o filme... Sacana. O peixe esse foi devolvido. Fiqui na dúvida se daquele tamanho já se comia...

De seguida tirei uma safia já interessante e um sargo palmeirudo.
Durante uns minutos tirei peixes por todos os lados, vinham pela cauda, pelos olhos, pela barriga, até por uma barbatana tirei um desgraçado... O giro é a força que produzem, mesmo pequenos devido ao facto de não virem pela boca. Por vezes parecem ser um grande exemplar, e depois quando vêm à tona, é ver a nossa cara de parvos, lololol.

Bem,

Mais um lançamento e surge o 1º peixe do qual não estava à espera e para mim é uma alegria ver no Tejo.
Comi muitos, muitos salmonetes em pequeno. Embora eu só me lembre de comer salmonetes de tamanhos pequenos ele lá me convenceu a deitar ao mar. Epa ficou-me entalado, pois eu adoro este peixe, mesmo. E já vão anos que não comia um, pois o seu preço proibitivo não mo permite. Ora talvez fruto novamente do Karma... Lançamento a seguir e uma grande cacetada... Julguei até ser uma dourada, pois deu muita luta pelo caminho. Era um salmonete do dobro do tamanho, muito bom. Este foi obviamente para a saca. Fiquei muito feliz. E como já o comi, digo vos que o meu paladar continua a chamar por este peixe... eh eh eh.


Bem, os toques foram escasseando e resolvemos mudar de zona... Mais uns metros... E... Toca de tentar.
Fundeámos, e ali ao menos os toques deixaram de se fazer sentir tanto... Aproveitámos para comer qualquer coisa, e como sempre o Palma insistia no caranguejo e eu nesta zona mantinha uma cana com eles e outra com ganso.
Enquanto comia a cana do Palma deu um toque brutal, um puxão que deixou a ponteira quase dentro de água. Ainda gritei, mas o peixe já tinha ido... E o estralho foi literalmente cortado... Bem nada a fazer, era empatar outro estralho, iscar bem e lançar... Foi o que o Palma fez... E insistiu... E teve a sua recompensa!

O ganso por seu turno continuava a ser todo ratado e os peixes pequenos a fazerem-me a vida negra. Ia me entretendo, mas já me estava a desesperar nem uma dourada... Eu aqui aposto muito no ganso, é um isco que me deu sempre boas douradas na zona.

Estava eu a tirar mais uma safia de palmo quando a cana do Palma dá outro belo safanão, desta feita avisei-o a tempo ele esteve bem na ferragem e a trabalhá-la, e eu pude filmar um pouco a cena... enquanto saltava por cima da tralha para ir buscar o xalavar para a apanhar. Uma dourada quileira. Muito fixe. Ao menos uma... Já merecíamos, mais ele que estava à horas a seca com o caranguejo a espera do momento...
Quando o Palma estava a tirar a dourada do anzol, eis que algo engraçado aconteceu, e já não é a 1 vez que vejo isto, o que considero muito engraçado e revelador da fome e voracidade destes animais.
A dourada tinha na boca, a montagem de anzois duplos que tinha sido arrancada à minutos atrás. Um dos anzóis, um sasame chinu estava dobrado ao meio. É muito engraçado ver. Ela trazia portanto não dois, mas 3 anzóis na boca. A gula é sem dúvida um pecado mortal.

Continuámos ali mais uma hora... Mas nem mais um sinal delas, nem mais um toque...

A tarde já ia a meio, e tínhamos três horas de pesca. A maré estava perto da viragem.

Resolvemos ir ao último local que tínhamos agendado. Fundeámos cerca dos 7 metros, e cada um lançou para um dos lados... 5 minutos, 10 minutos, 20 minutos... E nem um toque. Impressionante. Nem os alcorrazes, nada. Nadinha.

Estava na altura do desespero, de iscar com 4,5,6  gansos em cada anzol. Alguns peixes provavelmente até deviam ter medo de atacar aquilo, lololol.

A maré que estava parada, começou a ganhar velocidade e de repente, num clic, o peixe, entrou loucamente no pesqueiro...

Já não haviam mãos a medir, o peixe atacava tudo o que caía na sua toca e num instante a pesca se compôs...
Bons toques, bons ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ, algumas desferragens, o peixe estava num dia em que comia muito desconfiado.

Iscadas generosas, e tanto eu como o Palma estivemos aquela hora sempre a dar-lhes.
O peixe naquela corrente, atacava, principalmente as rabetas como se não houvesse amanhã.

As douradas essas comiam, mas estavam difíceis de ferrar, sempre com toques ligeiros, foi uma carga de trabalhos para capturar as que conseguimos.

Não podíamos baixar mais o diâmetro, chegámos a estar com 0,22mm.
Durante este período perdi um por cortar a linha... Tive dezenas de toques, entre douradas e rabetas, e mesmo não sendo o dia que eu perspectivei, acabou por ser mais um dia com boas capturas.

Material:

Canas: Shimano Speedmaster; Hiro Nanoflex; Prosargus X-TRA Boat
Carretos: Tica Taurus 6000; Banax GTW 4000; Shimano Nexave 6000
Linhas: Maxima 100% fluorocarbono; Asso Ultra; Asso fluorocasting
Amostras: Rapala X-RAP; Yo-zuri; Storm Deep thunder
Iscos: Ganso nacional; Casulo; Caranguejo 

Filipepc, Ricardo Palma