Uma pescaria solitária...

Após uma longa temporada afastado destas lides da faina, a saudade de estar junto ao mar era enorme…o corpo já pedia o contacto com o mar e a cabeça precisava de umas horas a ouvir aquele som das ondas que tanto me faz descansar…

Embora as condições climatéricas não estivessem a ajudar, pois o Windguru dava previsões de  mar  muito rijo e ventos muito fortes e a vontade de ir visitar um dos pesqueiros que tantas alegrias me tem dado era muita resolvi arriscar…

Alguns minutos a ler o Windguru com olhos de ver e lá descobri uma brecha para ir por o plástico na água, o vento caía durante uma hora e virava ao quadrante Sueste, o mar dava uma folga e só havia um senão era a chuva que iria cair, muita água era aquilo que me esperava…mas como quem corre por gosto não cansa e o feeling era muito não havia volta a dar, tinha de lá ir.

Como não queria ir sozinho nesta “loucura” convidei alguns companheiros para “embarcarem” comigo nesta “banhada” que tínhamos pela frente. Uns por motivos profissionais e outros por motivos pessoais não puderam ir, portanto só havia  duas hipóteses, ou ia sozinho ou  então aguardava por outra oportunidade para lá ir…mas a vontade era muita e as saudades eram enormes portanto lá fui eu…

Eram 4.30 da manha quando o despertador deu sinal a avisar que estava na hora, o frio que se fazia sentir era de gelar o osso, era o tal calor nórdico que tantas vezes nos faz desistir, mas já não havia volta a dar, meti o material dentro do carro e rumei ao pesqueiro.

Eram umas 5h  horas quando lá cheguei, o parque de estacionamento estava vazio portanto o único “louco” era eu ( como era óbvio )… fumei o ultimo cigarrinho a seco e lá fui eu por aquele areal a fora…

Cheguei ao “buraco” que tanto gosto após uns bons 30 minutos de caminhada e completamente ensopado, acho que até o osso escorria água!!!

A noite ainda se fazia sentir e resolvi apostar numa amostra que tantas alegrias tem dado a mim e  a tantos outros pescadores, a famosa Mettalic Ayu.

Lancei, lancei, recuperações lentas, recuperações rápidas e ….( como diria o meu amigo Luís ) zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz……….Já estava ferrado o 1º labrax´s , um peixe que indicou logo o seu porte, pois a pujança com que ele arrancou fazia prever ser um bom exemplar….após uns momentos de pura adrenalina lá o pus a seco e pude comprovar aquilo que previa, era o meu primeiro exemplar da época…

Já com o labrax dentro da sacola, continuei a insistir nesta amostra para ver se me dava mais alguma surpresa , tentei, tentei e como entretanto o dia começava a dar sinal de vida resolvi mudar de táctica…

Optei por trocar para a Aurora Black que é uma amostra que ao romper do dia por vezes proporciona-nos autênticas surpresas o que se veio a comprovar logo de seguida.

Ao segundo lançamento e assim que a amostra começa a trabalhar sinto uma prisão e talvez o arranque mais brutal que senti desde que pratico esta modalidade. Pensei logo que era um labrax ainda maior do que aquele que tinha capturado anteriormente, pois aforça que o bicho fazia era algo de descomunal, posso afirmar que o 1º arranque que deu levou á vontade uns bons 20 ou 30 mt de linha…lindo…

Calma era o que se pedia pois o mar não estava para brincadeiras e o peixe estava a dar uma luta brutal…lá consegui virar o bicho em direção a terra e tentei aproveitar a vaga para o por a seco, mas ele não se queria dar por vencido e voltou a arrancar para fora desta vez com mais “gana” do que da 1º vez e foi nesta que tudo se deu… pois é para mal dos meus pecados a passadeira da cana não aguentou o esforço e partiu…multifilar a roçar na patilha da passadeira e ZÀS….lá foi ele com um “piercing” agarrado e com uns bons metros de linha atrelados, que  #$%”#$ ….

Fiquei pior que fulo!!!!

Logo agora o material tinha que ceder… mas já não havia nada a fazer e desta vez tinha ganho o peixe!!!

Ainda insisti mais um pouco para ver se tinha alguma sorte mas  o vento que o Windguru tinha previsto estava a chegar e estava a ficar impossível de trabalhar as amostras portanto só havia uma coisa a fazer, dar por terminada a pescaria e rumar de volta ao carro.

O corpo estava gelado ( nem o fato de mergulho me safou desta vez ), mas o cabeça estava rejuvenescida, tinha sido uma pesca bastante dura pois a chuva não deu tréguas e fez-se sentir de forma bastante intensa .

Foi um inicio de temporada bastante emocionante pois comecei a época com um bom labrax´e com um peixe que partiu mas que no meio de tanto frio me fez sentir calor da adrenalina que me proporcionou.

Quero agradecer ao casal que gentilmente se prontificou a tirar as fotos para poder partilhar este momento com todos vocês…

Um Abraço

Pedro PJPescador