( Surfcasting) O nosso 25 de Abril !!! O raio dos Foguetes...

Boas.

Que pesca!!! UFA!!! Ai camaradas, camaradas...

Quando tudo se dá, quando tudo acontece, quando há história, quando há peixe... Quando acontecem momentos que vão perdurar... Isto vai fluir... Certamente que sim...

Pescaria marcada para 6ª feira, possibilidades de chuva e trovoada... Hmmm...  O Guilherme chateou-me a ver se eu queria ir molhar as canas, e eu não me apetecia nada até porque o tempo ia estar mau, e este fim de semana seria de descanso... Mas... Lá acabei por deixar tudo pronto para ir ter com ele...

Eram umas 5 e ele foi buscar o meu material para levar e ir montando tudo... Eu assim que me despachei fui ter com ele para darmos início as hostilidades... Pelo caminho falei com ele e já ele tinha uma baila e tinha soltado um robalote... Nada mal...

Ao chegar já andava ele de um lado para o outro e o Luís Passeiro igualmente, que lhe tinha feito companhia... Fui falar a malta da zona que conheço, e comer qualquer coisa antes de começar a pesca...

Quem não é bom a comer, não é bom a trabalhar... Este ditado dá mesmo jeito para mim, eheheh...

Bem... De barriga composta, levantei me para o Guilherme se sentar um pouco e descansar e fui preparar as coisas...

De canas na água foi começar a pescar... O mar estava bonito, a rebentação era alta, mas perto, espuma bonita a tapar os últimos 30/40 metros da praia... A esperança era grande...

Andava eu de roda das canas quando acontece o 1º momento da noite... O dono da cana não assistiu e em parte ainda bem... Posso vos dizer que naquilo que é o surfcasting foi a 2ª vez que o vi... Nem douradas de grande porte, nem robalos de record poderiam ter produzido aquilo que vi... Estava a iscar a cana bem longe da cana do Luís e de repente fiquei em transe... A Vega Potenza Hybrid dele leva uma mocada de tal maneira, vai abaixo, com ponteira quase no chão, cana em esforço as cabeçadas e sem sair de baixo, corri o quanto pude, gritei ao Guilherme que estava perto mas de costas, e enquanto corria o espeto levanta e dobra com o esforço a cana ia-se embora... O Guilherme agarra e assim que o faz... Nada... Não sentia nada... A chumbada não se sentia. Ao recolher vimos que tinha partido pelo chicote. A força foi tão forte, que partiu tudo. Já tinha visto algo semelhante, e até pior, pois nessa vez a cana foi... Mas logo no momento fiquei com uma sensação... Embora ali fosse estranho, só elas podiam ter feito aquilo... Erro do Luís, que tinha o DRAG totalmente fechado. Que erro.  Ele perdeu um peixe enorme... Podemos imaginar muita coisa, mas visto ali, e depois de já ter vivenciado algo parecido sabia bem o que tinha sido...

Bem... Não deu sequer para perder tempo a dar-lhe na cabeça que ele teve logo que se ir embora devido a um problema familiar que sucedeu... O importante era o resto, o peixe foi pena, teria sido certamente o record dele ao surfcasting.

Fiquei com o Guilherme na labuta... E logo após o anoitecer com a miséria de peixe muitos desistiram... E nós apenas com uma baila do Guilherme nada de especial, mais a tal baila que ele tinha apanhado ainda de tarde, esta já de bom tamanho.

As horas passavam e claro que com a maré a vazar... A coisa ficou pior... Apenas um sargo pequeno devolvido.

As nuvens que cobriam o céu despoletaram minutos depois o momento mais caricato da noite, algo que agora só me dá para rir, e que muito nos rimos... A noite do 24/25 de Abril estava muito nublada e davam trovoadas para a manhã seguinte. Ao longe vejo um raio... Bem, algo eu vi de certeza...

Avisei o Guilherme... O medo apoderou-se de nós. Disse logo ao Guilherme para ver no tlm o que estavam a dar... Ele vai ao Freemeteo e imaginem... Tinha mudado... Aparecia logo em grande uns raios numa imagem... À medida que víamos o site avisto raios atrás do céu nublado, bem avisto raios de luz, o céu clareava de repente... O Guilherme dizia estarem muito longe porque não se chegava a avistar os raios em si... Mas o céu ficava como se fosse dia... Do lado de Sesimbra... E depois do lado de Lisboa, Não parava. Começámos logo a contar histórias a lembrar episódios, afastámos-nos das canas... Eu dizia-lhe para não se chegar...Para não tocar em nada... Os raios de luz nem imaginam, parecia a 3ª guerra mundial, o céu estava em fogo, eu só via luzes atrás das núvens que acendiam e apagavam em flashes. Acreditem que nem por sombras dava para perceber... Olhem eu já nem queria saber das minhas lindas canas e carretos, ao pé delas é que não me chegava... O Guilherme queria ir embora rápido, a ideia era arrumar e fugir... Antes que chegassem, pois deviam estar para vir... Já pensávamos do lado que o vento estava onde podiam ir... O que fazer??? Ele só dizia:

- " Vamos arrumar, vamos arrumar..."

- E eu... dizia-lhe... " Nem penses, com estes raios ainda levo um choque, não me chego a elas, nem que durma em pé na praia a espera...

E e repente piora... as luzes metiam medo, os flashes no céu eram de loucos...

" Guilherme estamos tramados..."... Só pensava no que fazer...

E torno agora a falar da sorte, porque o relato de pesca vai começar após este momento, pelo menos o relato real da boa pescaria que fizemos... Acham que não há sorte? Torno a frisar que a sorte se manifesta de muitas maneiras... E agora vejam... Estivemos a minutos de arrumar... Já o Guilherme me tinha convencido que era melhor arrumar rápido até porque o vento estava do outro lado e talvez desse tempo... Quando oiço uns grito...

- " Filipe, Filipe, anda cá pá..."...

Era o Zé Manel Serralheiro... Epa estou farto de me rir, estou a ver te ao tempo as voltas, epa estás com medo do quê??? Daquilo? Olha as horas Filipe!!! "

E aponta para a esquerda dele... De onde ele estava já se via bem... Epa, ia-me caindo tudo... Entre o alívio e a noção do ridículo... lol, lindos foguetes...  Os flashes não eram mais do que o 25 de Abril, do que o momento que quase todos gostamos de ver neste dia... Por toda a Margem Sul e Lisboa os foguetes cobriam o céu... E faziam certamente de muitos olhos e muitas almas momentos alegres e bonitos de se ver... Nós por sua vez... Trememos... Já estive a pesca em dias com chuva, vento, trovões... Mas daquela maneira... Parecia que estávamos na guerra... O céu deu tanto flash que pela primeira vez vi-me perdido na pesca... Quase que deixei as canas na praia e fugi para o carro... Eu e o Guilherme, muito nos rimos de nós próprios...

Passados dez minutos o Zé Manel arrumou a tralha e foi se embora... Não foi sorte? Ah pois não... Se ele não estivesse ali... Tínhamos dado por terminada a pesca, e o Guilherme não tinha batido o record dele...

Bem, a pesca continuou... A maré perto da baixa mar ainda esteve mais umas 3 ou 4 horas sem qualquer motivo de interesse, mas depois daquilo era certo que ficávamos até de manhã... Durante este período saiu um robalote e um sargo já de umas 400 gramas... Deviam ser uma 4 e tal da manhã quando finalmente a sorte fez sentido... Alterei iscadas e passei a dar-lhe a comida por arranjar... Digamos que usei uma iscada que gosto muito embora retire metros no lançamento que passa por utilizar as patas do caranguejo caídas... Não tenho dúvidas da sua eficiência, mas muitas noites evito quando preciso de ganhar metros...

Uma porrada na minha cana... Uma corrida... E os tais matulões que tanto procurámos no Inverno e com pouco sucesso... Estavam por lá... Lindo sargo velho... Matulão...

Ao longe vejo o Guilherme com aquele ar de puto endiabrado... E com um linguadão... Xiii que espectáculo... Lindo peixe, enorme... Muita alegria...

De seguida vejo a cana do Guilherme a fazer uma espécie ( embora mais soft) da pancada que a cana do Luís tinha levado... E gritei-lhe... Ele olhou e enquanto correu, a cana sempre lá em baixo em esforço... O drag disparara... Foi a sorte... E assim que agarrou... Peixe ferrado... E que luta... Posso vos dizer que ele foi tirar o peixe uns 30 metros a direita de onde o ferrou. Brutal luta... Na escoa, no declive muito acentuado que a praia tem naquele sitio, tudo magnífico. Uma linda corvina na praia. Soube muito bem... O Gradeiro estava eufórico...

Eu de seguida tiro mais um sarguito e uma baila... O sargo devolvi era demasiado pequeno. Estava ainda ele a deliciar se com os peixes que apanhara e pimba mais uma grande mocada na minha cana, corri, assim que segurei vi ser peixe de bom porte, algumas cabeçadas, luta na escoa, mas com tranquilidade veio a seco, outro sargo velho, este ainda maior... Lindos peixes...

O dia acabadinho de nascer "matou" a actividade. Não valia a pena insistir mais... A pesca estava feita. Não foram muitos peixes... Mas valeram a pena... A noite com algumas peripécias deixa mais uma história para recordar... Daquelas que um dia espero poder contar a um neto ao meu colo...

" - Um dia... O avô estava a pesca e começou uma grande trovoada com muitosss raios, mas que não eram raios..." O livro vai enchendo... Não tanto de peixe que só isso não creio que prenda leitores... Mas de momentos vividos, saboreados e gozados muitos deles ao lado de grandes amigos...

Camaradas... Que noite...

Material:

Canas: Vega Potenza Hybrid, Vega Supercore, Daiwa Castízm, Daiwa Sky Caster, Daiwa Sky Caster Hybrid (2), Daiwa Prime Caster

Carretos: Shimano Bull´s Eye XT (3), Shimano Bull´s Eye 9100 (2), Shimano Power Aero, Shimano Aero Technium XT

Linhas: Cinetic Sky Line, Yuki Kenta, Vega Potenza ST, Sufix 100% Fluorocarbono

Iscos: Casulo, Titas, Caranguejo 2 cascos, Bicha branca, Ganso nacional

FilipePC, Guilherme, Luís Passeiro