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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

SPJ...EM BUSCA DA BLACK MAMBA



Boas pessoal...




No ultimo relato falei sobre o que eu considero o inicio de tudo seja na vida como na pesca.

Uma vez mais, toda a informação que eu vos possa transmitir nestes relatos para vos ajudar, se baseia única e exclusivamente na minha experiência. 

Antes de chegarmos à parte do video e verem o resultado, é preciso perceber e falar sobre o caminho.

Vou começar por explicar o que eu faço num dia normal de jigging antes de escolher um dos pontos de pesca no meu GPS e também tentar ajudar a resolver um pouco da dor de cabeça que é o sonar/sonda para muitos pescadores.

         2º ( O que define a escolha de um ponto de pesca )

Em primeiro lugar tenho em conta a estação do ano. Depois vejo a lua, marés, a amplitude das marés, temperatura da água e no final o vento.

A lua define a actividade do peixe, a que horas se alimenta e se de dia ou de noite. 

A maré e a hora da preia-mar como a baixa-mar vai definir a predominância de certas espécies em determinados pesqueiros.

A amplitude da maré (aguagem) define a deslocação ou não do peixe e a profundidade a que vou pescar.

A temperatura da água vai ajudar a definir ou não, a existência de certas espécies tal como a sua actividade nesse dia.

Por fim o vento, que determina em caso de não fundear, a necessidade de um maior controle ou não das derivas.

No caso da intensidade do vento ser maior, é sempre aconselhável pescar mais baixo se os outros factores forem favoráveis. Se a intensidade do vento for fraca ou nula, podemos explorar as zonas mais fundas pois facilita as derivas.

Depois de ter estes dados escolho o primeiro ponto em prol da espécie que mais beneficia das condições nas primeiras horas do dia. Por exemplo, se tivermos pontos a começar nos 30 metros e acabar nos 300 por onde começamos?? Nos 30 ou nos 300 metros??O que vai definir a nossa escolha??

Imaginando que eu não saí no dia anterior e não sei se certas espécies se encontram em certos pontos, a minha opção se aos 30 ou 300 metros será sempre definida pela amplitude da maré (Lua).

Se a amplitude da maré for grande (Lua cheia e Lua Nova) maior serão as correntes, logo será aconselhável pescar a baixa profundidade. Isto para evitar a aguagem e diferenças de camadas de água em sentidos contrários impossibilitando trabalhar o jig em condições correctas. Se a amplitude da maré for pequena (Quarto crescente e Quarto Minguante) menor serão as correntes, logo são aconselhadas para pescar fundo.

Se imaginarmos que nesse dia eu estou perante uma aguagem média, e a viragem da maré se dá ao início do dia, a minha escolha vai ser começar nos 300 metros. Pois mais vale aproveitar a viragem da maré com o mínimo de corrente existente e à medida que for aumentando com o passar das horas, começar a diminuir a profundidade a que vou pescando.

Desta forma, consigo bater diversos fundos desde os 300 metros até aos 70 ou 30 metros privilegiando sempre o trabalhar do jig. Se fosse ao contrário, quando chegasse aos 300 metros já não ia conseguir trabalhar o jig sob as mesmas condições.



                                     3º  (Sonar / Sonda)


Agora vou falar apenas um pouco sobre o que acredito que seja uma dor de cabeça para muitos pescadores…O SONAR/SONDA.

De que serve a tecnologia evoluir se não nos dermos ao trabalho de explorar, aprender e usar essa tecnologia? 

O Sonar ou sonda não é mais nem menos do que os nossos olhos debaixo de água. São eles que nos vão transmitir toda a informação que precisamos. Mas para isso temos que aprender a ver através dele e a decifrar todo o tipo de informação que nos possa dar.

De nada serve ter o melhor sonar do mundo se não soubermos tirar proveito dele.

Uma boa maneira para relacionar o tipo de fundo com o que se vê no sonar é usar o jig sem assists para sentir o tipo de fundo. Apesar da potência dos transdutores que existe hoje em dia para diferenciar o tipo de fundo, em certos casos não é nada fácil. Como por exemplo entre areia, lodo. Com o jig, torna-se mais fácil de relacionar o que se vê com o que se sente, no caso do lodo sente-se uma leve sucção no jig ao sair do fundo e no caso de areia não, apesar de em ambos os casos aparecer no ecrã o mesmo fundo macio e de fraca intensidade.

Não esquecendo que, quanto maior for a profundidade pior se torna a definição do fundo, dificultando a nossa tarefa na sondagem e prospecção de fundo. Caso não sintam bem que tipo de fundo é através do jig, basta colocarem um jig mais pesado e sem assists até que percebam o tipo de fundo.

Não esquecer que o fundo vai ajudar a definir o tipo de espécie. E mesmo quase todas as espécies mudam de fundo consoante as suas necessidades alimentares, acasalamento, etc..ao longo do ano.

Também não devemos esquecer que o transdutor dá muita informação necessária além do tipo de fundo e de peixe.

Uma delas é a diferença de temperatura e de corrente a determinada profundidade. Isso vai ajudar a definir onde é que andam as presas e os predadores além do trabalhar do jig. Para quem não sabe, se modificarmos os parâmetros do gain e do ruído, vamos poder ver as bolas de camarão fino ou de pequenas presas numa certa camada de água, geralmente próximo do fundo. A camada de água onde se encontrarem as presas é sempre composta por água mais limpa e a camada acima delas será a de água suja.

Isto é importante, pois a camada de água suja, além de ter uma diferença de temperatura em relação à de água mais limpa. Também ela faz de barreira impossibilitando as presas de subirem. Logo facilitando os predadores no ataque, esses normalmente circulam entre as duas camadas de água, geralmente na divisória da barreira.

Caso as presas se distribuam ao longo da coluna de água, o mais provável é que a temperatura é uniforme tal como a sua coloração. Nessas alturas torna-se mais fácil de detectar os predadores pois têm que se distribuir uniformemente pela coluna de água.

Em relação à quantidade de peixe que aparece na sonda ser pouco ou muito em determinados dias tem a ver com a amplitude das marés. O excesso ou a falta de corrente vai definir na circulação seja das presas como dos predadores, menos algumas espécies sedentárias que aproveitam para atacar o que a corrente lhes trouxer.

Basta ter em atenção que nas grandes luas o peixe passa por nós e nas luas de menor amplitude temos que ser nós a dar com o peixe. Acredito que o principal factor de isto acontecer se deve ao arrasto do peixe, seja ele presa ou predador. Despendendo o menor esforço possível. As correntes arrastam as presas e com elas os predadores, daí o aumento de actividade no sonar.

Em relação aos peixes sedentários como as garoupas, abróteas, Meros, Chernes…etc..

Já existe à muitos anos uma função no sonar/sonda, que foi melhorando ao longo do tempo e que nos permite eliminar o sinal do fundo. Deixando apenas o que se encontra colado ao fundo e que não faz parte do fundo.

Na maioria dos casos essa função nas definições tem como nome, White line ou Edge.

Esta função ajuda bastante quando queremos ter mais hipóteses em dar com os sedentários, sendo que todos eles são muito oportunistas. Quero dizer com isto que eles não vão despender energia para correr ou atacar, logo aconselho a procurarem pequenas bolas de presas nessas zonas específicas. A verdade é que a dificuldade maior na busca destes peixes é conseguir que o jig caia o mais perto dele possível.

Em Jigging, a técnica que privilegia mais o ataque desses sedentários é de longe a de long fall. 

Privilegiem os jigs lentos e que tenham um wobbling acentuado durante a queda, podem ser largos como longos e pesados. Tudo depende das condições do dia e profundidade. A maioria dos ataques acontece mal o jig toca no fundo antes de começarmos a trabalhar o jig, outros só o fazem à 2 ou à 4 vez. Depende da espécie de sedentário ou da distância a que tiverem do jig.

Não esquecer que nem todos os sedentários vivem na pedra ou se alimentam na pedra. Muitos percorrem a zona entre a pedra e a areia/Lodo em busca de comida e quando ferrados arrancam direitos à pedra. Nunca esquecer que a força deles reside no fundo ao contrário dos pelágicos.

Descobrir uma pedra no meio da areia ou de lodo, ou detectar uma elevação de meio metro (laje) quando parece não existir diferenças no terreno, pode ser a diferença entre gradar ou capturar um Cherne ou um Mero de 20 quilos.Saber trabalhar com o zoom é fundamental quando o terreno aparenta ser liso.

É obrigatório conhecer o terreno de caça, pois pode ser a diferença entre capturar ou perder o peixe. 

Pela simples razão que de nada serve forçar o nosso material quando ferramos uma garoupa e estamos num terreno onde não existe pedra maciça num raio de acção de 50 ou mais metros, ou num terreno de cascalho.

Resumindo e concluindo, se aprenderem a trabalhar com a vossa sonda vão perceber que podem confiar na informação que ela vos transmite e começar a controlar realmente o que estão a fazer e não andar ao sabor do vento. 

Não tenham receio de mexer no vosso sonar pois ele é mais uma arma que podem e devem saber usar.

O jigging não é uma pesca de espera como quem pesca ao fundo com isca (Sardinha). No jigging independentemente da técnica nós caçamos e nos movimentamos em busca dos predadores. O mesmo acontece quando falamos de peixes sedentários, pois trata-se de uma pesca de precisão. O mesmo já não acontece com os Pelágicos, pois a caça é feita num raio de acção específico.

Voltando ao dia de pesca....

Depois da ultima incursão ter corrido bem, decidi voltar às profundezas em busca de outra Black Mamba...:-)

De qualquer das formas tinha que aproveitar o ultimo dia antes da mudança da lua e com ela o aumento das correntes marítimas.

A zona escolhida foi a mesma onde 2 dias antes tinha capturado o outro.

Quando cheguei ao ponto, reparei que naquela área as lulas eram aos milhares, marcavam na sonda e até deu para ferrar 2 ao jigging..hahaha


As baleias eram mais que muitas, umas ao saltos, outras a dar com as caudas e outras que queriam era comer até cair para o lado..hahaha.

Devo dizer que elas são muito bonitas mas é ao longe...hahaha..ter um animal com toneladas a 4 metros do barco, passar por debaixo dele e voltar a sair do outro lado não é para mim..hahaha

É a única situação que me deixa desconfortável e me faz esquecer o que estou a fazer.

Enfim!!...faz parte da natureza e se formos a ver eu é que estou no sitio errado..hahaha

O tempo foi passando e finalmente elas afastaram-se e eu pude voltar a concentrar-me no que eu estava ali a fazer.

As lulas eram ao milhares e eu gostei da parte das lulas, o que não gostei é que elas estavam distribuídas por todo o lado, dificultando-me a localização da Black Mamba.

Como eu disse no relato anterior, torna-se mais fácil quando no meio do nada detectamos actividade que vai desde o fundo e pode ir até alguns metros acima do fundo.


Visão real do que podem ver na vossa sonda à excepção dos predadores. Apenas coloquei ai para terem uma noção da distancia e presença deles.

Não pensem que esta espécie tal como as outras da família dela vai estar lá no meio das presas, mas acreditem que vai estar na periferia da confusão afastada à espera de uma oportunidade para se alimentar.



                     A mesma visão mas visto de cima para baixo


É o frenesim alimentar das presas (comedía) que atrai os predadores. É por essa razão que eu procuro sempre o peixe fino (presas) no sonar para localizar possíveis predadores.


     As presas afastam-se na medida em que o predador vê no nosso jig um alvo fácil. O predador avança e as restantes presas sobem ou afastam-se no sentido contrário à do predador

Passo a explicar a base desse fundamento. Nunca repararam que se tiverem a pescar peixe fino (carapau, caval, safias, besugo,etc) e um predador entrar no pesqueiro que o peixe fino deixa de comer e desaparece? Já viram alguma presa coexistir no mesmo espaço que um predador?

Claro que não e o mesmo acontece aqui e em qualquer parte do mundo. Eu quando pesco ao fundo aqui com o meu marinheiro já sabemos. Se de um momento para o outro o peixe fino deixar de comer. Já sabemos que é uma questão de tempo até o predador atacar as nossas linhas, nem que seja para roubar um peixe que já está preso no anzol.

Fazer outro tipo de pesca ajuda a recolher informações válidas para jigging. 

Voltando ao dia de pesca. Lá estive eu a sondar até que descobri um pequeno amontoado (presas) que ao contrário de toda a extensão, este vinha desde o fundo até uns 5 metros do fundo.

O que se passou a seguir vão poder no video e eu espero que se divirtam um pouco :-)



             
                             Um grande abraço e até breve

                                           Luís Malabar












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