Os nossos amigos

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Existem dias, dias que não são dias...

Mais um dia de faina...

Num final de tarde desta semana eis que me toca o telemóvel...
Era o meu tio Jaime, querendo fazer uma pescaria no dia seguinte da parte da tarde até ao escurecer... E assim ficou marcado.
Chegámos ao pesqueiro, a tempo de apanhar outros petiscos e iscos para o dia... A tradicional ameijoa não podia pois faltar, e o Ganso e Casulo também não...
Uma hora e meia depois o meu tio e o cunhado, tinham um balde de 10 litros mais de meio...
Eu tinha as minhas mãos todas cortadas, estava já em sofrimento, mas tinha o ganso e casulo suficiente para pescarmos durante a tarde, fosse a tarde boa ou má...
O dia esse estava bem diferente do que o Windguru tinha previsto... Estava um vento moderado, o que não me agradava nada, e as águas estavam escuras, barrentas, provavelmente devido às chuvas fortes sentidas no inicio da semana...

Começou a pesca já deviam ser umas 14/15 horas, e o inicio foi revelador do que eu previa... Ia ser um dia complicado, muito mesmo... Limos e mais limos, a água muito escura, nada de toques, e fomos olhando um para o outro( eu e o meu tio), que já conhecemos muito bem as características dos pesqueiros da margem sul e fomos abanando a cabeça...
Resolvemos após uma conversa mudar de sitio, do habitual para outro... pela areia andámos, andámos, e lá pousámos a tralha...Vai de lançar as canas e... nada... resolvi ir comer qualquer coisa, e deixei as canas em piloto automático...
Já de pança cheia, lá fui ver as canas e olha... um linguadinho, que bom pensei eu... ao menos que venham alguns destes...
Lá lancei as canas de novo, o vento entretanto abrandou ligeiramente e as águas a subirem a uma velocidade vertiginosa, limparam mais, e criaram imensos remoinhos e correntes em torno de uma coroa de areia que se avistava a poucos metros...
Nem preciso de dizer mais não é? Ao meu tio não precisei... Ele olhou eu olhei e vai de meter a chumbada nesse local...
Como tínhamos levado o cunhado do meu tio, que não sabia pescar, mas lá contar anedotas era com ele( nunca vi um reportório daqueles. O homem tem pilhas Duracel. Deve ser doutorado na coisa), ficámos na galhofa, quando de repente ao olhar de esguelha vejo a ponteira da cana quase no chão, um arranque tremendo, corri direito á cana, mas não cheguei a tempo, o peixe já era...

Mas animei... Dividi 2 canas para a corrente e as outras 2 para a zona calma... E foi assim que comecei a apanhar umas douradas já engraçadas, com cerca de 400 gramas... Ali num instante apanhei umas 6 ou 7, sempre da mesma bitola...

Mas rapidamente o dia se mostrou diferente do que eu previa inicialmente, assisti durante 2 horas e meia ao maior ataque de robalos que já vi até hoje... Foi uma loucura, que muita pena tenho de não ter lá algo de qualidade para filmar o que se passava... Milhares, sim, milhares de petinga, pequenas tainhas, garrentos, e outros pequenos peixes, alvoraçados,  desesperavam, com os ataques que sofriam, ali quase aos meus pés... Eram momentos únicos que assistia... Já vi muitas vezes ataques de robalos, alguns lindos e mesmo bem descritivos, mas durante tanto tempo nunca. O que vi podem passar muitos anos que não vou esquecer... O desespero do peixe míudo fazia-se sentir, eu estava a sentir na pele, olhava impávido para o espectáculo que o dia me estava a oferecer...
Entre isto tudo, e a pesca? Lol, bem, a pesca rapidamente se alterou, mas apenas porque fomos dinâmicos, o peixe estava louco, mas louco ao cima de água... E eu danado, em desespero sem bóia de água, sem pingalins, sem nada para corricar... Digo-vos se tivesse, ali naquele momento, não sei se os muitos robalos que apanhámos seriam ainda mais... Precisava de lhes chegar, de dizer " olá rapazes e que tal um ganso ou um casulo?" Larguem lá a petinga e as tainhas..." Jogava para cima deles mas nada, nem toques, a chumbada obviamente afundava e eles ao de cima...
O que nos safou foi a tal coroa, que à medida que foi ganhando altura com aquela soberba corrente, foi nos dando momentos únicos. Não parei de correr para as canas. Ora eram as douradas, ora eram os robalos... Esticões atrás de esticões, fomos enchendo o saco, fomos curtindo, a pescar e a ver aquele espectáculo, que perdurará para sempre. São momentos marcantes, não tanto pelo peixe, mas por o que a natureza nos oferecia...

Percebem agora... É mesmo "maluco". Boa malha de pessoa.

Até o cunhado do meu tio teve o gosto de  tirar alguns e notava-se nos olhos dele a loucura( sim ainda mais do que a natural que ele apresenta, ah ah ah), e só dizia " mas o que é isto? Que loucura..." Cada robalo dava para ele brincar e falar com eles, nem imaginam... até respiração fez a um( esta tive que tirar uma fotografia, ele realmente tem graça...)

As douradas continuava do outro lado a dar o ar da sua graça, e ia-se fazendo a pesca, que foi tornando insuportável o peso do saco do peixe...
Raio do fotógrafo... ainda é pior do que eu.
Posso dizer que na última hora a discussão não era quem ficava com o peixe, mas quem o carregava, pois estávamos longeeeeee do carro... Já dizíamos que era a sorte... estavamos estafados, correr na areia dá cabo do corpo...
A maré na praia-mar deu para descansar uns minutos e recarregar com água e fruta fresquinha. Faltou o café, desta vez...

Entretanto a maré virava e esperávamos pelo iniciar das vazante para a água começar a correr novamente, pois seria o momento para novo ataque à zona em que tínhamos feito as capturas...
A loucura começou de novo( embora por menos tempo) e lá fomos vendo as canas com ataques ferozes de alguns cabeçudos que por ali comiam... O quanto eu pensei nos pingalins, acho que ainda estou a pensar neles... Nova corrida, nova ferragem e eis o meu tio a trabalhar outro cabeçudo que chegou a terra no limite, com o anzol já meio aberto...Foi por um triz... Lindo, mais um, lindo


E o nosso companheiro da stand up comedy continuava... Já não sabia se me ria, se corria para as canas ou se largava tudo e me deitava... de tanto rir claro...

Do outro lado observo uma linha caída... hmmm, está lá peixe pensei eu... e vou recolher a linha, quando me sai outro linguado de bom porte... Senti a pesca completa... Robalos, douradas, linguados e ainda 2 sargos que surgiram entretanto... Estava feito. Um espectáculo.
O meu tio esse não largava as canas da "cagadinha" ao robalo, e lá ia para seu gáudio tirando mais alguns... O dia esse estava feito, com muitas surpresas, tudo a uma velocidade furiosa, que acreditem foi com boa vontade que tirei as fotografias, pois o dia não estava propício a nos preocupar-nos com isso.
Um dia espectacular que tivemos... e como sempre valeu, valeu mesmo.


Até à próxima...

Filipe Condinho

Material:

Canas: Hiro Super Balística; Hiro Propello; Tica Skill; Shimano( fibra de vidro, gama baixa).
Carretos: Shimano Super Ultegra xsa; Shimano Ultegra XSB 5500; Vega TE; Banax Poseidon 5600.
Iscos: Casulo, Ganso.

6 comentários:

Pedro Nunes disse...

Boas!
Isso sao dakelas pescas k ja mais se eskecem sem duvida, e sao poucas as oportunidades de um dia desses, parabens pela pescaria e pelo relato... ah, e arranja um cantinho na mochila p uma boia de agua e dois pingalins ;)
Saude

Os Pescas disse...

Olá Pedro... Epa a tralha é tanta que não se pode levar tudo... Mas é certo que levarei na próxima vez para o mesmo local uma boia de água. Grande abraço.
Filipe.

Os Pescas disse...

Está visto que foi mais uma tarde bem passada!
Esse sitio deve ter mel!!!!
Um abraço,
Pedro ( PJPescador )

Anónimo disse...

Mais uma bela pescaria, sim senhor, quando combinamos uma pescaria.
Pedro Lourenço

calhau da calçada disse...

que festival!

fotos divertidas e bela pescaria...

abraço

Rui Louraça

Os Pescas disse...

Bela pesca, é caso para se dizer eu quero ir para a ilha. Fico à espera de um convite para ir a esse "teu" quintal.
Muito peixe fora de água.

Um abraço,

Nuno (pesca no prato)