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sexta-feira, 2 de março de 2012

O que vestimos diz-nos até onde podemos ir! Parte II

* Parte II


Outro dos grandes problemas que enfrentamos, senão o maior de todos, passa pelo frio que se sente nos pés. Uma vez perdido o calor neste local, torna-se mais difícil aguentar o calor no resto do corpo.

Curiosamente este é um dos locais mais simples(leia-se barato) de resolver!
Normalmente os pés são os responsáveis pelo arrefecimento repentino que sentimos durante uma jornada. Cada pesca tem um tipo de calçado específico.


Nisto, as pescas denominadas de espera, são as que nos causam mais transtorno. No surfcasting os pés tornam-se o nosso maior inimigo. O contacto com a areia e com a água, aliado ao facto de ser uma pesca em que o corpo está parado por longos períodos, aumenta a probabilidade de arrefecimento. O calçado deve ser especial e adequado para estas situações. Não basta uma simples bota, estas devem ser de um material de altíssima qualidade, além disso devemos evitar botas que permitam a entrada de água com facilidade, ou seja, de preferência devem ser de cano alto.



Como meia devemos usar uma meia de neoprene ou uma meia impermeável e por cima umas meias térmicas, de forma a garantir que mantemos os pés secos e quentes.

Agora que os pés estão quentes, resta falar do mais simples: Do rosto e das mãos.

Julgo que no rosto/cabeça a tarefa está facilitada. Os gorros de lã ou de tecido polar são óptimos e por cima basta usar o carapuço do impermeável. Para os mais friorentos os passa-montanhas são óptimos pois tapam a quase totalidade do rosto.



Sobre as luvas julgo que já depende de pessoa para pessoa. As mãos são necessárias para podermos pescar e manter a sensibilidade, logo não é fácil a adaptação a luvas. Eu pessoalmente escolho luvas que “colem” à mão e me garantam a máxima sensibilidade, pois simplesmente não consigo pescar de outra maneira.
Para pescas de espera, podem utilizar umas luvas de lã fortes, e quando forem iscar tiram-nas de forma a conseguirem “trabalhar”. Para pescas como o spinning ou a bóia, julgo que as de neoprene e elastano são mais aconselháveis.

Vou agora dar-vos sugestões de roupa, de kit´s de pesca, para que entendam que nem sempre o segredo está no valor que pagam, mas sim na escolha que fazem:

Vou dividir as escolhas por 2 tipos de pesca: As de espera, e as de movimento.

No surfcasting ou pescas em que o meu corpo permaneça imóvel eu escolho 3 camadas para o corpo e 2 ou 3 para as pernas. Passo a dar exemplos com fotografias para que entendam melhor o que estou a dizer:

Pés: meia de neoprene( cerca de 9 euros); com meia térmica por cima( uso umas da rapala de 4 euros). Bota da marca Lemigo( custa cerca de 35 euros), que são uma botas simplesmente espectaculares para o surfcasting. São leves e térmicas.






Pernas: Calças de Poliéster e elastano( comprei umas da decathlon. Custam cerca de 15 euros); com calça impermeável e transpirável por cima( a partir dos 25 euros já se encontram). Em dias de muito frio posso ainda usar como 2ª camada umas calças de fato de treino quentes.
Circulam pelo mercado, inclusive em lojas de rua e em feiras algumas destas calças. Escolham sempre as que têm Poliéster e elastano, pois são as que moldam melhor ao corpo.


Tronco: Camisola em poliéster e elastano para 1ª camada( custa cerca de 15 euros), com Polar 200 a 500 como segunda camada( este polar custa cerca de 30 euros. Se for os tradicionais da sport zone ou decathlon custam entre 6 a 9 euros. Podem usar 2);  por cima blusão impermeável e transpirável( o preço varia consoante a qualidade, mas encontram-se entre os 30 e os 200 euros. Lembrem-se ele tem que ser transpirável).




Cara: Passa-montanhas em algodão/lã/polar( custa cerca de 6 a 12 euros). Quando o vento aperta, ponho o capucho do blusão para servir de corta vento.
Para os mais comichosos e que se dão menos bem com o facto de estarem muito presos, um gorro da neve ou um simples gorro polar ajudam muito e garantem o mínimo de conforto. 








Mãos: Uso umas luvas de neoprene, elastano e titanium da Rapala ( custam cerca de 15 euros). Embora pareçam frias para pescas de espera, elas aquecem muito as mãos. Em dias de frio extremo aconselho umas mais quentes. Claro que em dias de frio extremo ou em pescas de espera elas não são o suficiente e temos que optar por outras mais quentes, mas quando nos for permitido, estas luvas agarram à mão como se fossem parte de nós.
Também costumo levar umas luvas de lã ou umas luvas térmicas, mas estas tenho que retirar cada vez que necessito de iscar, ou empatar um anzol. São por outro lado muito quentes e realmente garantem o bem estar nos momentos em que estamos parados.



Para pescas de movimento como o spinning, existem duas vestimentas possíveis e que resultam:

- Uma passa pelo tradicional fato e meia de Neoprene, com polar no tronco e por cima um casaco impermeável e transpirável.
Para os pés, umas botas tipo as da marca Nava.
Nas mãos uso umas Luvas da Rapala, as titanium, e na cabeça, um gorro ou um passa-montanhas.




Como se trata de uma pesca em movimento o facto de estarmos molhados não é preocupante, pois o Neoprene garante-nos a manutenção da temperatura corporal.

Hoje em dia, como cada vez estamos mais relaxados e já nem molhar nós queremos. 
A vestimenta mais prática acaba por ser então os Vadeadores, peça que se pode vestir por cima da roupa normal, e que nos permite andar dentro de água sem nos molharmos.
Os vadeadores actuais como os da Hart, rapala, etc, são de qualidade e garantem realmente um conforto único. 
Chamo a atenção para os que vêm com meia acoplada. Esta meia por ser muito grossa não serve para o nosso número normal das botas. Temos sempre que comprar um número ou dois acima.


Caso esteja frio, é aconselhável utilizar o mesmo processo. Por baixo dos vadeadores as calças de poliéster e podemos mesmo vestir umas de fato treino quentes.
No tronco o processo acaba por ser igual. Usar sempre as 3 camadas em dias de frio.
No caso do spinning ser feito em zonas de pedra existe uma solução a pensar por os mais ousados. O uso de botas resistentes. 


Estas botas têm uma aderência espectacular às zonas rochosas. Quem tiver dúvidas experimente. Este tipo de sola em feltro permite andarmos com um à vontade em zonas que com outro tipo de botas púnhamos em risco a nossa segurança.
Não são umas botas confortáveis como são umas botas de neoprene, pois são bastante mais rijas, mas garantem nestas zonas o que outras não nos podem garantir.

Caso não sejam zonas de perigo, podemos usar umas botas de montanhismo. São resistentes e garantem-nos a comodidade que necessitamos.

Com isto fica logo respondido o que usar em pescas como a Bóia ou na pesca embarcada.
Na Bóia julgo que a vestimenta tradicional serve, com as tais 3 camadas. A escolha do calçado deve alterar consoante a zona em que pesquemos. Tenham sempre atenção ao que escolhem como calçado. Não facilitem.

Na embarcada divido por 2 opções:
A pesca de traineira em que normalmente apenas nos deslocamos ao porto de abrigo e entramos no barco, e aí a opção anterior é suficiente e escolhemos as camadas consoante as condições e o calçado pode ser o tradicional e a pesca de quem tem barco próprio e necessita entrar dentro de água. Aí vale a pena usar os vadeadores pois ao molharmos o corpo num dia de muito frio, dificilmente conseguimos recuperar o calor e com isto podemos pôr em risco a nossa vida.

Julgo que como conclusão, todos já ficaram com uma ideia do que podem alterar na vossa forma de vestir. A ideia de que muita roupa = Calor é errada e está ultrapassada.
Também julgo que todos entenderam que as fibras sintéticas actuais garantem um conforto e leveza que outros tecidos não nos conseguem dar.
E não inventem. Existem 3 camadas essenciais, não são 2 nem 4.

Sobre o calçado, zona a meu ver fulcral não facilitem. É muito importante que consigam escolher o mais adequado a cada pesca.
A ideia base é: Pescas de espera, escolher botas térmicas, em pescas de movimento ou escolher umas botas de neoprene para contacto com a água ou umas botas resistentes e aderentes para zonas rochosas.

Para as mãos, zona realmente problemática por necessitarmos delas constantemente, a escolha é sempre entre o quente e o prático. Escolham como se sentirem melhor.

Na cabeça ou passa montanhas( protegem o pescoço e isso é deveras importante), ou um gorro polar.

Agora vão à pesca e deixem-se de lamurias. Vão lá curtir o frio.

P.s. - Sem a preciosa ajuda de alguns guias de montanha este artigo não teria sido possível. O nosso muito obrigado pela ajuda, pela troca de conhecimentos, opiniões e de momentos em que cada um à sua maneira passou em dias de frio. É assim que se evoluí, trocando conceitos e relatando experiências.



6 comentários:

Ernesto Lima disse...

Viva Pessoal!

Excelente artigo!

Os meus sinceros parabéns!

E é verdade... quem possa adquirir os materiais necessários, não tem que se lamuriar! Ehehheehhe

Abraço

Os Pescas disse...

A verdade é que ajuda bastante a combater os dias mais duros mas também nos permite ficar mais leves, menos roupa traz uma melhor mobilidade. Passei a dar mais importância a este aspecto e sem duvida que vale o investimento que se possa ter de fazer.

Nuno Fernandes

Válega disse...

Este artigo está deveras fantástico!
Parabéns

Os Pescas disse...

Obrigado companheiro, o objectivo é todos conseguirem minimizarem os dias complicados, pois pessoalmente já cometi muitos erros de vestuário e sei bem as repercussões daí adjacentes.
Foi um artigo trabalhoso, mas muito proveitoso a meu ver e que realmente vos pode ajudar muito.
Filipe.

Anónimo disse...

Muito bom!!! Parabéns =)

Cláudio Silva disse...

Muito bom, obrigado.. Abraço