Os nossos amigos

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

( Surfcasting) Regresso ao passado !!!

Boas,

Longe vão os tempos da minha sossegada e amorosa Ponta dos Corvos, que para mim sempre será Ponta do Mato... Verdade que é com gosto que vejo esta zona pitoresca e popular cada vez mais reconhecida, mas todos sabemos o que isso nos traz ( tira).

Talvez por isso, hoje em dia são mais as vezes em que lá pesco uns cafés no bar do que propriamente vou á pesca... Outros destinos, outras paragens, outras aguagens...

Apesar disso ainda vou de longe a longe fazer uns lançamentos a um local que faz parte de mim...
Esta pescaria, que foi uma rapidinha ( e que bem que me soube, lol)... foi feita em três horitas ao final da tarde, e com as capturas que fiz lembrei-me de um dia que há muito ali mesmo passei.
Ao lado do bar da ponta do mato existe uma pequena praia, do seu lado direito, onde há cerca de 20 anos existia um varandim. Nas marés grandes a água subia tanto que se tinha pescar da parte de cima e as canas  ficavam ali encostadas, em tempos em que a inocência fazia parte do meu ser. Bem diferente de hoje, os olhos brilhavam muito com qualquer peixito. Era uma idade de muito mais humildade piscatória. Bons tempos.

Um dia nesse local tirei o maior peixe plano que alguma vez vi ao vivo. Uma solha enorme, que naquele dia pôs todos os pescadores que lá estavam a olhar para um menino que sorria de orelha a orelha. Naquele dia fiz uma captura para a vida, quando não esperava no meio do monte de sarguetas mini que lá fui apanhando.

Passados quase 20 anos, tornei a pescar no mesmo local, fruto do spot onde ia com ideia de fazer uns lances estar cheio... Lá já não existe o tal varandim, mas a prainha, pequena e atarracada continua no mesmo sítio.

Uma semana inteira de trabalho, uma semana mais a precisar de descansar e espairecer, e ao chegar nem hesitei... Não dá aqui... dá ali, também para fazer meia dúzia de lançamentos e beber um pouco daquela paz, daquela brisa do pôr do sol, qualquer sítio dava....

Montei a cana com dois estralhos, abdicando de pescar às corvinas e procurei alguma dourada que ainda lá andasse, ou algum robalo... Isquei com ganso, que era o isco que tinha levado, além de uns caranguejos congelados com um péssimo aspecto. A maré tinha virado à minutos e estava na altura de fazer uns lançamentos ali a uns 30 metros onde o fundão existente me permitia pescar na zona do declive onde algum peixe podia ter vindo se alimentar. lancei e deixei a cana no espeto com o carreto bem destravado e fui beber um café ao bar.

Passados uns minutos e alguma conversa lá voltei e sentei-me na areia. Sozinho pescar não me sabe igual, mesmo sabendo que se encontra sempre alguém por lá com quem falar...

Acabei por meter conversa com uma malta que lá andava a que tinha estado ao tica tica de praia, aquilo eram safias, alcorrazes, sarguitos e uma douradita... Fui ver a cana e estava tudo intacto... Enchi ainda mais de isco, mais dois gansos em cada e lancei ainda mais perto, ali a 20 metritos... E voltei para a galhofa...


Carreto novamente destravado é que ali nunca se sabe... Já vi canas a voarem e outras partirem... E fui falando com o pessoal e contando histórias de pesca e também da vida, realmente a pesca tem esse poder, o de juntar pessoas que nada têm a ver umas com as outras e proporcionar belos momentos. E foi assim que estive ali mais uns vinte minutos sem sequer ir mudar o isco... Estava eu de costas e um senhor que estava ali perto chegou se ao pé e disse: " Tem a linha caída", olhei e disse " já vou esticar... tenho lá dois anzóis se foi um peixe, que volte lá..." e fiquei na conversa, a maré estava já bem vazia e esperava pelo virar.

Como o dia parecia ser mais de praia de parlapie do que de pesca, lá decidi ir mudar os iscos só para fingir que estava muito interessado em apanhar algum peixito...

Ao agarrar na cana um peso enorme... Tentei levantar a linha e nada! Xiça, mas que raio... O peso enorme mexeu e aí tentei levantar a cana e arrisquei fazer força, e sinto algo a levantar... Cana em esforço e um peso enorme, como se tivesse a puxar um cabo ou algo do género. Fui trazendo o peso até que na corrente senti algo estranho como que um ligeiro toque e aí pensei... Algum charroco mutante, deve ser gigante este... O peso só visto, a cana que é (Hellion Evolution) em esforço, deu-me gozo e fui trabalhando com cana, carreto e linha, tentando trazer devagar para não haver o perigo de ruptura da linha, e embora julgasse ser um tamboril do Tejo queria ver o animal cá fora.

Já perto, a uns metritos vejo um rabo enrolado acastanhado, e... oi querem ver... Ganda linguado... Mas era mais gordo, e a uns 5 metros ali mesmo na beira a sticada. Começo a ver água pelo ar, e parecia um festival da estalada com as chapadas que davam na borda de água, não um... mas dois peixes planos, duas solhas já boas, mais pequenas do que a tal que apanhei à muitos anos, mas... lindas, já grandes e que me deram uma sensação de nostalgia enorme. Foi muito bom tornar a ver sair uns peixes diferentes ali, no mesmo sítio onde um dia apanhei um peixe que me deixou recordações fortes para a vida.


O pessoal veio ver que peixe era, e lá tive que dizer que não eram linguados, mas sim solhas, que pareciam irmãs. Foi muito bom.

Ainda pensei em lançar mais alguma vez, mas desisti da ideia e lá desmontei a tralha e fui para casa, e pesca estava feita e já tinha almoço para o dia seguinte.

A Ponta do Mato continua a surpreender-me ao final de tantos anos. É um local mítico, único para mim.
Depois de no ano passado ter apanhado dois salmonetes no mesmo dia, após mais de 15 anos sem ver um por lá... desta foram estes dois troféus!!!



Material:
Cana: Vega Hellion Evolution
Carreto: Vega Brava
Iscos: Ganso nacional, caranguejo de 2 cascos congelados


Filipepc, ospescas

22 comentários:

Anónimo disse...

Belas solhas amigo, ainda me lembro daquele dia aos linguados lá na ilha. Um grande abraço e parabéns. Belos troféus. David.

Unknown disse...

Gostava de ir aí um dia destes fazer uns lançamentos. :)

Um forte abraço

Pedro Nunes disse...

Boas Filipe!
Parabéns pelas belas solhas que devem ter dado um belo dum almoço, há muito tempo que não apanho um peixe desses, há muitos anos...

Parabéns também pelo relato, vê-se que o que escreveste te vem do fundo da alma e mostra o carinho especial que tens por esse spot... todos nós temos spots que serão especiais para sempre.

Abraço e força aí.

João Santana disse...

Parabéns por mais um post fantástico, ao ler até me lembrei dos meus spots de miúdo, lol, grande abraço filipe...

Alexandre disse...

Boas Filipe!
Bonitos peixes meus parabéns pelas belas solhas e pelo excelente relato.
abraço

Os Pescas disse...

Olá grande amigo, eu também me lembro de tirar grandes peixes ao teu lado lá. Um abraço.

Os Pescas disse...

Olá Joaquim... Quando voltamos a carga? Um abraço.

Os Pescas disse...

Olá Pedro, obrigado pelas palavras, as solhas raramente aparecem aqui, sempre foi assim, linguados mesmo havendo poucos hoje é que ainda se vêm... É sempre bom... Um abraço.

Os Pescas disse...

Olá João, todos temos os nossos recantos, quem ama a pesca, tem um sitio especial, o meu sempre foi a ponta do mato e toda aquela zona a volta. Abraço.

Os Pescas disse...


Comé amigo..:-) Mais dois lindos peixes tirados no teu quintal da paz..:-) Faz parte de qualquer pescador, ter o seu sitio especial..:-)

Aquele abraço grande

Luís Malabar

Cristóvão Veríssimo disse...

E que belos trofeus Filipe!
Duas solhas já boas, ainda por cima no mesmo lance... é como quem diz"vou ali buscar o almoço e venho já!"

Parabens pela dupla!

Abraço

Pedro Franco disse...

Ora ai esta um relato de uma simples pescaria, mas feito de uma forma bem sentida.
Todos temos os nossos spots míticos e especais registados na memória, que por algum motivo nos marcaram para toda a vida, mas é bem difícil descrever em palavras esses sentimentos e nostalgias que nos trazem à memoria como tu o fizeste e como tão bem o sabes fazer.
Parabéns pelas bonitas capturas e pelo magnifico relato.

Anónimo disse...

A dar nas patruças...belos tempos em que apanhava disso com fartura á mão nos esteiros

Abr companheiro

José Cabrita

Anónimo disse...

Bela pesca Sr. Filipe, isto de serem pequenas... imagino a tal grande que apanhas-te. Um grande abraço, grande amigo e grande pescador. João.

Os Pescas disse...

Olá Luís, o meu quintal será sempre a ponta do mato, nem que lá não pesque durante anos. Pesca para mim é paz, é lá que me sinto feliz.

Os Pescas disse...

Olá Cristovão, este tipo de capturas são raras, pelo menos aqui na zona, e claro que foi apanhar e bazar, lol... Valeu a pena. Belo almoço.

Os Pescas disse...

Olá Pedro, de certeza que também tens os teus locais de preferencia, onde te sentes mais tu. Nesses loais apanhar um peixe que seja sabe sempre melhor. Um pescador que é ser feliz, e eu não sou diferente. Um abraço.

Os Pescas disse...

Olá João. Fico feliz que tenhas gostado amigo. Espero poder apanhar maiores um dia destes pelo menos do tamanho da tal que apanhei a muitos anos. Um grande abraço.

Os Pescas disse...

Olá José, é verdade houve tempos em que existiam em grandes quantidades os peixes planos. Hoje em dia é mais complicado. Há que ir tentando dar com alguns, mas neste dia foi pura sorte, não estava a procura deles. Abraço.

Os Pescas disse...

Olá Alexandre, obrigado pelo comentário, foram boas capturas sim, embora com sorte, pois não estava a procura deles... mas faz parte. Um abraço.

Inácio disse...

Boas Filipe ;)

Parabéns pelas bonitas solhas!

Abraço!

Os Pescas disse...

Olá Inácio obrigado pelo comentário. Um abraço.