Os nossos amigos

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Três rumos, Três pescas, três sorrisos...

Olá malta...

Pois é... O título diz tudo, não terei portanto assim muito para esconder... Mas julgo que serei capaz de transmitir o que pretendo...

A pesca foi, é, e espero que seja sempre na minha vida, um factor de felicidade, de alegria, enfim... de momentos bons, passados com quem tanto gosto... Recordo-me muito de onde comecei a pescar, dos meus primeiros companheiros de pesca, dos que ainda hoje mantenha, e até dos que infelizmente já não tenho ao meu lado. Provavelmente foi lá sempre que senti que todo o meu ser fluía na sua máxima plenitude.

Vou-vos contar algo que falo muito com o meu avô. Ele adora contar histórias, já estão a ver a quem é que saio, e frequentemente me repete as mesmas caçadas que fez, as gloriosas jornadas, pelos vales da Azeitão ou pela Serra da Arrábida, as viagens ao Alentejo... Enfim... Por vezes, quando vejo os olhos dele a brilhar a falar de algo que tanto gosta, sinto sempre a necessidade de lhe perguntar o mesmo... 
"Avô quando é que sentis-te que a caça era o teu mundo? A tua alegria, a tua paz?"
Ele diz me sempre o mesmo... Que em pequeno, sentado na cadeira da escola a janela, só ouvia os passarinhos... Saía para o recreio e pulava as árvores, observava-os, procurava os seus ninhos, e admirava-os... Diz me que em pequeno a cabeça dele só pensava naquilo e que era ali, no meio da serra que se sentia feliz. O meu avô foi trabalhador da EDP, hoje reformado, e sempre, mas sempre teve as suas folgas a 5ª e Domingo, os tais dias em que se pode caçar. Durante 50 anos, chovesse ou fizesse sol, só faltou duas vezes a caça, ambas devido a falecimentos de pessoas chegadas, uma a do filho dele, meu pai... Um dia talvez, se tiver coragem, falamos disso...

Quando o oiço contar as mil e uma fábulas deles, as histórias dos 20 coelhos, das 100 rolas, dos não sei quantos pombos, perdigões e faisões... rio-me muito, com carinho, mais rio-me... A mente dele lembra-se sempre do que ama... Os amigos, a família, os grandes momentos... Ele fala-me muito dos amigos que ganhou na caça, e acho fabuloso, do mais puro que pode haver, ouvi-lo falar de caça com eles, e ver neles todos aquele sentimento de união, ou melhor de amizade, de laços criados por algo que os ligou uma vida inteira. Longe, alguns muito longe, cada vez que a palavra caça passa por entre os lábios deles, um sorriso fluí naturalmente...

Ao pensar nos sentimentos dele, sinto sempre um estranho paralelismo com o que eu sinto com a pesca. Nasci no meio de uma família dividida por caçadores e pescadores, desde pequeno que gostei e percebi ambos os conceitos, mas sempre foi junto ao mar que me senti em paz... Por isso desde os 4 anos que pesco, por isso lembro-me das primeiras pescarias, do meu primeiro peixe, da minha primeira cana ( maravilhosamente reconstruída pelo Nuno Paulino), por isso me lembro de todos, sim, todos os meus amigos de pesca, de tantos dias, tantas jornadas, tanta coisa boa... O mar corre-me nas veias, e a sua música embala-me muitas noites... E quase sempre dou por mim, no trabalho, no café, e até a dar uma simples volta no centro comercial a pensar na próxima pescaria, a imaginar momentos, a pensar em como vai ser... Tonteiras, 

Sei que todos gostam de apanhar uma boa pesca, de fazer do seu dia de folga um grande momento... É normal, enfim, o facebook, blogs, fóruns, invadem-nos disso mesmo... Mas sei que muitos procuram no mar muito mais do que isso... O ano passado foi duro para dois grandes amigos que tenho. Um, outro pai que tive na minha vida, para minha sorte, o outro, mais um dos melhores amigos que a pesca me deu... Ambos gostam muito de estar a pesca, e ambos tiveram meses duros, com grades e fracas pescarias... E que muito me ouviram a reinar com eles, naquelas picardias próprias do nosso desporto...

Ainda a última vez que fomos a pesca, lembro-me de estar longe deles e pensar bastante em como a noite lhes estava a correr, e depois de manhã quando soube que gradaram, fiquei profundamente triste. Trocava todos os meus peixes ( não que tivessem sido muitos), por uma boa pescaria para cada um deles... Gosto muito de ambos. Quis tanto que fossem eles a ganhar a noite...

Mas a noite foi dura... E poucos se safaram... Apesar de bons sargos e boas capturas, nem todos puderam sentir esse prazer... Mas é esse amor, essa vontade de estar junto ao mar, que nos levou novamente lá... Sim, ao mar...



Duas pescas, dois destinos, dois momentos... Ou melhor três... Felizmente desta houve três...

Hoje o momento é deles... Não interessa nada mais... É para eles que hoje escrevo, e é por esse terceiro momento que me motiva estar agora que já é bem tarde a escrever...

O mar de Inverno finalmente chegou, entre o fim dos sargos a Norte, e as primeiras aparições dos robalos, fizemos uma espécie de rali das pescas... Vento moderado, mar espumado e forte... Uma mista de spinning e bóia... Spinning ao raiar do dia, bóia pela manhã... Praia ao cair do dia...E o prémio... Hmmm... O prémio, sim, o tal momento que apesar de não os mover, os motiva... finalmente apareceu...

Os sargos compareceram em massa... E o Vice-presidente dos gradeiros fez mossa... esteve em grande...
Os robalos bem... ainda andam tímidos, mas o presidente fez a abertura de época ao melhor estilo...

O dia, foi cheio de ZZZZZZZZZZZZZZZZZ´´S , ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ´S, e mais ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ´S.

No final das fainas foi ver a cara de ambos que me deixou feliz. Ter ao meu lado dois grandes compichas e o seu sorriso maravilhoso... Um grande, mas grande abraço a ambos... Vou descansar agora, mais feliz... Ver quem gosto a sorrir, faz-me sorrir duas vezes.

Nas minhas viagens diárias por este mundo que tanto gosto, é o terceiro momento o que me mais me aquece, é por ele que tanto espero, que tanto anseio todas as semanas, minuto após minuto, hora após hora, dias após dia...

Este Inverno espero ver portanto ao meu lado muitas vezes o Presidente e o Vice-presidente dos gradeiros com capturas assim, e sorrisos destes... O meu fim de semana, foi por isso muito bom... Cheio de alegria... A alegria de um pescador não se pode basear só nos seus feitos, mas também no das pessoas que gostamos e que connosco partilham tantos momentos...
Por isso meu, para já não vos vou mostrar nada, isso fica para o próximo relato, agora é o momento deles...

A pescaria do Vice-Presidente dos gradeiros
Aristides Santos





E a pescaria do Presidente...
Filipe João





Três rumos, três pescas, três sorrisos...

O Sorriso deles, e o meu...


8 comentários:

popof disse...

Muitos parabéns aos dois fico muito feliz por os ver assim pois são pessoas que conheci e tive a oportunidade de pescar algumas vezes com eles e de estar longas horas na conversa no sítio do costume há porta da loja. Muitos parabéns mesmo estar Filipe fico a aguardar o resto do relato estar um abraço por escapará vocês os três

Manuel Oliveira disse...

Boas Filipe,
Só nós sabemos o que é estar ali durante a noite com temperaturas a rondar os 4º e com chuva à mistura, mas o prazer de lá estar junto ao Mar fala mais alto...
Parabéns! Que continuem com a pedalada, para compensar o ano passado!

Forte Abraço e força ai

Os Pescas disse...



Fico muito feliz pelos dois, pois já mereciam uma pesca em condições faz já muito tempo.
São duas pessoas mais que fantásticas e só merecem tudo de bom.

Um grande abração para os 3 e venham mais dias desses..:-)

Luís Malabar

José Pedro Cruz disse...

Adorei o relato!
Fez-me lembrar o Filipe que conheci pessoalmente há uns anitos e que nunca mais dei sinais de vida!... :(

Um abraço!

Os Pescas disse...

Olá Popop saudades tuas... Ve se vens a Portugal ver a malta... Um abraço.

Os Pescas disse...

sim Manel é verdade... É preciso gostar muito do que se faz... Frio, chuva, noites sem dormir... Sbae bem estar perto do mar.

Os Pescas disse...

Olá Luís, eles continuam a pescar, a fazer o que gostam...

Os Pescas disse...

Olá Zé, se nunca mais deste sinais de vida foi porque assim o achas-te. Estou como sempre estive, no meu canto, a pescar, a conviver com os amigos, a vê-los sorrir, como vi um dia o Cuco...
Tudo igual...
Sempre gostei mais dos afectos físicos do que os virtuais... Pouco mudou. Um abraço e espero que estejam bem. Isso é o mais importante.